DISEASE AMONG US - PLAYLIST

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Disease Among Us S8 #7

 Season 8, Episode 7: Papo cabeça

Sem o longo casaco, ele nem parecia a mesma pessoa. Talvez devesse ter se livrado daquela casca há algum tempo... Sentia-se mais livre ali. Hacktivista, vigilante... Se o mundo não tivesse virado de cabeça pra baixo, onde estaria agora?
"PRA FRENTE, PANTHERS!", gritava a camisa surrada com o símbolo do time. Aiden a tinha encontrado numa das casas desocupadas de Wiltshire Estates após a horda... Era uma das poucas coisas que haviam sobrado depois dos Salvadores pegarem seu imposto.
Aiden deixou o velho boné em casa, junto ao casaco. Apanhou o machado apoiado na porta e saiu, caminhando em direção ao pequeno bosque a alguns minutos de casa. O Sol estava alto.
Quando estava perto o bastante, ele escolheu seu alvo; Um velho carvalho. Estava perdendo folhas, a vida se esvaindo lentamente. Era a melhor hora para tirá-lo dali antes que caísse em alguém.
Ele olhou para trás. Para Wiltshire Estates, para casa... Tinha saído por um dos túneis de emergência. Não queria que Dwight ou Zack o percebessem. Podiam tentar tirar o machado também.
Aiden levantou a lâmina e acertou o tronco. As lascas voaram para todos os lados, acompanhados do som de madeira balançando. Dando um passo para trás, ele preparou outra machadada. Divertia-se imaginando Chuck acorrentado ao tronco, chorando como um bebê e pedindo desculpas. E ele acertaria seu pé com o machado, cortaria-lhe a perna. Voltaria dia após dia, sempre pensando em Marcus e Alaska e Anthony. E a cada dia cortaria mais um pedacinho do Campeão, até o dia em que não sobrasse mais nada.
Devia ter feito muito barulho. Ele ouviu passos lentos de dentro do bosque e suspirou.
O primeiro errante era fresco. Devia ter sobrevivido por muito tempo, mas não conseguiu. Sangue pingava do nariz, os olhos mortos focados nele. Usava uma camisa xadrez cheia de rasgos e arranhões, e Aiden percebeu o buraco de bala na altura do peito.
"Se quiser desistir, atire na cabeça. Não precisamos de mais problemas." Sugeriu o hacker, e o Walker grunhiu em resposta.
Seu companheiro surgiu do outro lado do carvalho semi-cortado. Esse era grandão. Inchado e barbudo, devia ter passado um bom tempo em algum lago, fermentando.
Pearce esperou que a dupla se aproximasse mais antes de atacar. O machado acertou o gordalhão no centro do crânio, fazendo com que seu cérebro viajasse em cinco direções diferentes. Ele cambaleou no chão, morto, e Aiden grunhiu, arrancando a lâmina do corpo.
O outro errante estava perto agora. Tentou uma investida, atirando-se no chão para morder seu pé. Aiden aplicou-lhe um chute na boca, mas esse ainda era forte - Ele conseguiu empurrá-lo ao chão. Infelizmente, também conseguiu que o machado lhe atingisse os ombros, o braço deslizando num rio de sangue.
O recém-amputado mordeu o ar, tentando alcançar Aiden enquanto este se levantava rapidamente. Antes que o zumbi pudesse processar os acontecimentos, o machado desceu para encontrar sua nuca.
Pearce afastou-se dos dois corpos, arrastando o machado na grama para limpar os restos de carne podre. Com a área segura, aproximou-se da árvore para terminar o serviço.
O carvalho tombou entre os dois cadáveres. Aiden limpou o suor da testa, examinando o tronco... E parou no meio.
WINSTON E JULIE
O coração tinha sido talhado por canivete, mas estava velho... Talvez fosse até mesmo anterior ao apocalipse. Por algum motivo, Aiden sorriu. Aquilo era uma lembrança de tempos mais felizes... Uma juventude mais livre. Um futuro que Carl e Anthony deveriam ter tido e aproveitado.
"Sinto muito." Disse ele, mais para si mesmo do que para a marca no carvalho. Levantou o machado para cortar a lenha.
"Aiden!" Exclamou Mellanie, surgindo de um dos túneis. Ele deixou o machado cair perigosamente próximo a um dos pés.
"Grite mais alto. Acho que todos os mortos do estado não ouviram." Ele brigou. Mellanie fez cara feia e aproximou-se dele.
"Da próxima vez, amarre também um bife nas costas, seu irresponsável. Use o portão como tudo mundo!"
"Não com Debi e Lóide brincando de Gestapo." Ele sacudiu a cabeça.
"Escute, detesto os Salvadores tanto quanto você." Explicou Mellanie. "Mas precisamos abaixar a cabeça. Pelo menos por enquanto. Se tentarmos resistir agora, eles matam todo mundo e tomam a cidade."
Aiden suspirou, mas sabia que a ruiva estava certa. Apoiou o machado nos ombros.
"Desculpa. Mas precisávamos de lenha."
"Eu sei. O Carl está com você?"
Aiden levantou uma sobrancelha. "Não? Ele foi jogar bola."
"Ele não está na quadra."
Aiden disse um "merda" baixinho.
"Jock não abriu o portão pra ele, antes que pergunte." Ela disse. "Dan acha que os Salvadores..."
"O que é que os Salvadores iam querer com uma criança?"
"Aiden, você viu o que eles fizeram com uma mulher grávida. O que acha que vão fazer com uma criança?" Mellanie disse, agitada. Pearce entendeu, fincou o machado no tronco, e seguiu a ruiva para dentro do túnel.
Ou até a entrada dele, pois Mellanie parou subitamente. A flecha mirava sua cabeça, ainda na crossbow, quando Dwight subiu.
"Ora, ora, ora." Disse ele. "O que é que temos aqui?"
Mellanie e Aiden trocaram olhares. O sorriso de Dwight cresceu. 

Carl tinha permanecido quieto durante um bom tempo. Chuck o observava pacientemente, sentado na poltrona oposta ao rapaz.
Mas a paciência do Campeão tinha limite. Ele se levantou, e Carl soube naquele momento que morreria.
Porém, o líder dos Salvadores apenas deu a volta e prostrou-se atrás dele, cutucando suas costas.
"Que botão que aperta?" Perguntou Chuck, zombeteiro. "Tem que colocar moeda? Como que faz pra você falar, garoto?"
"Não encosta em mim."
Carl apertou os dentes quando sentiu a dor que veio em seguida. Chuck apertou, com força, o tríceps do rapaz, enviando dor a todos os nervos de seu corpo. Ele grunhiu, tentou se debater, mas a dor era profunda.
Chuck soltou o beliscão e riu alto, sentando na mesa em frente a Carl. "Encostei. Vai fazer o quê?"
Carl respirou fundo, mas continuou calado. Estava lá para achar Anthony - Não ia falar nada para ajudar os Salvadores.
"Escuta, garoto, sei que você não gosta muito da gente..." Disse Chuck, seriedade surgindo em seu rosto. "Mas tem que entender que as coisas que eu faço, faço pra proteger o meu pessoal. Vai dizer que não é assim com você?"
"A gente não mata criança, não extorque comunidades nem bota fogo em quem fala mal da gente." Rugiu Carl.
"Cê acha que eu gosto de fazer essas coisas?" Brigou o loiro, parecendo ofendido. "Eu imponho respeito, e respeito mantém todo mundo na linha. Pergunte a qualquer comunidade que nós protegemos quantos ataques de bandidos eles sofrem, quantas hordas eles têm que afastar, quanta gente é assassinada ali dentro. Todos vão te dar a mesma resposta: Quase nada. Zero."
"Vocês levaram uma horda pra dentro de Wiltshire Estates!"
"Errado. A horda já tava lá. A única coisa que a gente fez foi dar um tiro." Corrigiu Chuck. "E se a horda não tivesse ido naquele dia? O que vocês iam fazer? Ficar em cima do muro, jogando sapatos velhos na cabeça dos mortos? Vocês foram à ação quando a horda entrou, não foram?"
"Muita gente inocente morreu."
"Olha em volta, porra. Ninguém é inocente nesse mundo. Você encosta uma arma na testa de um idiota qualquer, atira, e vai dormir do mesmo jeito." Explicou Chuck, raivoso. "Não me é útil matar todo mundo numa comunidade. Quem que vai pagar suprimentos se não tiver ninguém vivo? Isto é uma cooperativa. A gente é só mais persuasivo do que outros grupos."
Ele suspirou.
"Qual é o seu nome, garoto?"
"Carl Grimes."
"Carl Grimes, eu sou Chuck Reid, o Campeão. Muito prazer." Disse ele, ajeitando a jaqueta. "Agora você me conhece. Viu a comunidade que temos aqui. Ainda quer me matar?"
Carl não hesitou.
"Quero. Quero matar você, porque tirou dois dos meus amigos de mim. Dois membros do meu grupo - Praticamente minha família - que eu nunca vou poder recuperar. Perto da coragem do Marcus, você é um monte de lixo. Perto da humanidade da Alaska, você é um inseto. Quero matar você porque acabou com Dreamland, tirou a casa do Dan e extorquiu todo mundo da minha. E quero matar você porque sequestrou Anthony!" A voz de Carl se elevava a cada palavra, a raiva em sua voz palpável.
Chuck gargalhou. Foi o bastante.
Carl se levantou e atirou-se contra o Campeão, mas recebeu um chute no peito. A bota de motoqueiro era poderosa, fazendo Grimes rolar contra a poltrona.
"Não banque o herói, rapaz... Vamos ver seu amigo, e depois vamos conversar com seu líder sobre esse incidente diplomático."
Carl engoliu em seco.

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