DISEASE AMONG US - PLAYLIST

segunda-feira, 30 de março de 2020

Disease Among Us S8 #1

Season 8, Episode 1: As leis da natureza

O frio da noite irlandesa era castigador. Odiava aquele lugar. Odiava aquele homem.
Então porque estava de volta?
Tinha aprendido a se defender, é claro. Tinha feito coisas das quais não estava orgulhoso. Era um prodígio com computadores, mas também sabia manipular as pessoas.
A gangue tinha sido uma segunda família para ele, até a mãe descobrir. E até ele apanhar da polícia pela primeira vez.
Ele poderia se defender.
Ouviu os passos pesados e a porta do pequeno apartamento no subúrbio de Belfast se abriu. Ali estava ele.
"O que você quer?" Perguntou Paul. "Quem diabos é você, porra?"
"Você é patético." Disse Aiden, examinando o pai. Antes, ele tinha sido um homem ameaçador. Agora era baixinho, grisalho e gordo. "Mas você fez a minha mãe fugir."
Paul levantou os olhos até o homem mais alto. Atrás dele, Aiden viu... Bom, a vida dele não estava muito boa. Viu cápsulas de remédios e drogas.
Quando sua mãe tinha tirado e ele e a irmã de Belfast, Irlanda, para fugir da violência do pai, ele tinha sido obrigado a crescer nas vizinhanças duras de Chicago. Entrou para gangues. Lutou. Aprendeu a roubar. Atirar.
Aprendeu a deixar de lado a humanidade.
Mas... Mas então Lena morreu. A sua sobrinha. Morta por sua própria estupidez. E ele tentou mudar. Ele fez o que pôde para ajudar os outros. Mas sabia que era violento demais, em sua própria maneira, para ser o Vigilante que sempre quisera. A polícia o queria preso. O novo comandante da força-tarefa, Juencos, queria vê-lo morto.
E ele tinha feito uma viagem internacional apenas para amarrar uma ponta solta. E agora, aquele velho estava mais morto do que...
"Escute, rapaz, no calor do momento..."
"Eu tinha vindo matar você, seu velho estúpido." Aiden exibiu uma arma pequena, de dois tiros. "Mas você já está fazendo isso por mim. Então eu vou fazer uma pergunta."
"PORQUÊ?!"

"PORQUÊ?!" Gritou Alaska.
Ela caiu no chão. Agarrou-se ao estômago, morrendo de dores.
Mellanie entendeu imediatamente. Que lugar para um bebê nascer.
"Meu Deus, meu Deus..." Disse ela. Tentou amparar a amiga. Qualquer coisa.
Enquanto isso, ele ergueu os olhos ensanguentados.
"Porra, você é forte mesmo, hein?" Comentou Chuck. Marcus mal o via. A visão estava desamparada. Ao seu lado, ouviu alguém gritar, mas não pensava em mais nada.
Tinha salvado os outros. Tinha praticamente se sacrificado.
Não conseguia se lembrar de mais nada. Virou-se para os outros.
"Porra, Mark, fica comigo." Disse Dexter.
Aiden conseguiu sair das lembranças dolorosas. Engoliu as lágrimas.
Mas então uma segunda batida. Marcus caiu de queixo. Estava rindo.
"Isso é tudo que você tem, seu merda?" Perguntou o ex-fuzileiro, tossindo sangue. "Porra, chama mais sete pra briga ficar justa."
Chuck não deu ouvidos. Desceu o bastão mais uma vez.
E assim, Marcus estava acabado.
Silêncio.
"Ninguém vai dizer mais nada?" Riu Chuck.
Então, Aiden, motivado pela lembrança, quebrou o silêncio. Enquanto isso, Alaska e Mellanie faziam o possível para... Para qualquer coisa, porra.
"Marcus valia dez de você, seu merda. Você é um filho da puta." Disse Aiden. "Você é a porra de um maníaco filho da puta. Eu vou arrancar os seus olhos, seu desgraçado, e eu vou fazer você comê-los. Eu vou te matar, filho da puta. Você tá me entendendo? Eu. Vou. Te. Matar."
"Difícil te levar a sério quando está chorando, cara." Comentou Nicolas. Anthony chorou. A crueldade... Era...
Porra.
Chuck virou a atenção para Alaska.
"O que é que ela tem, porra? Calem a boca dessa mulher."
"ELA ESTÁ PARINDO, CARALHO!" Disse Mellanie.
Chuck pareceu paralisar por um momento. Então, gritou.
"VIC!"
A mudança bipolar foi incrível. Vic se aproximou da dupla, e...
...e fez a cesárea.
Alaska gritou. Pensou em Lock, pensou nos pais. Mellanie tentou parar Vic.
"PARA! PARA! TÁ MATANDO ELA! DÁ PRA FAZER NORMAL! DÁ PRA FAZER NORMAL!"
Os olhos da loira se voltaram para Mellanie. O braço ensanguentado alcançou seu rosto.
A enfermeira sentiu lágrimas salgadas caírem sobre o rosto da jovem. A Woodburiana que tinha largado tudo por amor. Que tinha superado a perda de Lock... E que nunca veria a criança.
"Obrigada." Disse ela. Tossiu. "Obrigada por tudo, Mel. Você foi uma amiga maravilhosa."
"Alaska, para de falar merda, você vai ficar bem, aguenta."
"Não posso." Disse ela. "Eu quero ir... Estão todos lá. Meus pais... Meus amigos..."
Dan observou, sentindo-se desconfortável com a casualidade que os Salvadores demonstravam.
Os olhos de Alaska se iluminaram, contrastando os olhos cheios de lágrimas de Mellanie e os olhos cheios de culpa de Vic.
"Lock?" Perguntou Alaska. "Lock, querido, sou eu... Finalmente, querido... Final...mente..."
Alaska soltou o rosto de Mellanie, a trilha de sangue pingando da bochecha da mulher.
Vic tirou a criança dali. Era uma menina morena, pingando sangue e fluidos.
"É uma menina."
Mellanie estava chocada.
"Que milagre." Comentou Chuck, parecendo outra pessoa. Ignorou os pedaços do crânio de Marcus e caminhou até o pequeno bebê. "Olá, querida." A criança começou a chorar, mas ele tentou pegá-la de Vic. "Calma, sssh. Sou só eu."
"NÃO TOQUE NELA!" Gritou Mellanie, e deu um soco no rosto do Campeão.
Silêncio. Chuck sorriu.
"Bom saber que você respeita sua amiga."
"SEU MONSTRO DO CARALHO! NÃO TOQUE NELA! NÃO TOQUE!"
Ela arrancou a pequena dos braços de Vic. Sentiu a camisa se encher de sangue. Abraçou o bebê o mais próximo do peito possível.
Chuck se afastou, brandindo o bastão.
"Bom... Katey," Disse, apontando para o sangue que pingava do taco. "Está saciada. Vamos agora para as regras. Vocês viram o que acontece quando não se obedece aos Salvadores. Por isso, vamos começar a cobrar de Wiltshire Estates e proteger vocês também."
Silêncio generalizado.
"50% de suas colheitas, munições e qualquer animal que criem será nosso. Usaremos a sua comunidade para qualquer propósito. Qualquer um que quisermos poderá ser levado pra nós." Continuou. Alguns Salvadores rindo. "Agora, vocês vão limpar a clareira, tirar seus amigos daqui e cair fora. Nós vamos pegar o primeiro pagamento na semana que vem."
Os Salvadores começaram a se debandar. Gabe arrastou Anthony para um hummer, onde Nicolas suspirou aliviado.
"Conseguimos, Tony. Acabou."
Anthony Clark não respondeu.
Na mente dele, Marcus tinha morrido por sua culpa.

Mellanie abraçava Alaska quando o grupo se debandou. Dan aproximou-se.
"Mellanie, deixe-me segurá-la."
"NÃO." Rugiu a ruiva. "Não toque nela."
"Calma, sou eu. Sou eu."
Ela hesitou, mas deu o bebê a Dan. Meu Deus, que criança linda, pensou ele. Nunca tinha visto um recém nascido. Era um milagre.
Limpou-a na camisa e depois enrolou-a nela. O bebê parou de chorar aos poucos.
Aiden levantou-se. Olhou para o corpo destruído de Marcus.
"Você era melhor que nós, garoto." Disse ele. "Você era melhor que nós."
Chorou de novo. Até Dexter estava chorando.
Destruído e arrasado, o grupo começou a arrastar os corpos. Pelo menos iriam dar um enterro decente.
Mellanie quis ficar um pouco mais com Alaska.
Os caminhões estavam sendo preparados para a partida de volta a Wiltshire. Shane chorava. Nem conseguira salvar Anthony.
Jock... Jock sentia-se culpado. Porque não ele? Porque Marcus? Eles mal o tinham conhecido, e ele se mostrara valioso...
Era a segunda vez que escapava da morte ás custas de alguém, ele pensava.

Alaska se moveu no abraço de Mellanie.
Ela sabia que tinha chegado a hora. Olhou os olhos da loira.
Ela abriu a boca. Deu um grunhido. Mellanie chorou pela amiga.
O zumbi pareceu lembrar-se de alguma coisa. Diminuiu um pouco o passo, como se estivesse tentando se controlar. As pupilas refletiam o cérebro vazio, mas... No fundo...
Mellanie chorou.
"Me desculpe, Alaska. Me desculpe."
Ela pegou a faca. Alaska pareceu não reagir. Estava em silêncio.
Apoiou a lâmina sobre a testa da mulher.
"Cuidarei dela. Eu prometo."
Mellanie deu uma facada. O zumbi parou de se mexer e caiu.
Alaska Young estava morta.
Mellanie se levantou, derrotada, e seguiu Dan para os caminhões.

Disease Among Us: Introdução á Oitava Temporada

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões

Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão

Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição
De morrer pela pátria
E viver sem razão

The Walking Dead: Disease Among Us

domingo, 29 de março de 2020

Disease Among Us: Season #7 Finale

Season 7 Finale: Os lugares onde vamos morrer

Os Salvadores tinham agido surpreendentemente rápido para quem eles julgavam ser um grupo de motoqueiros malucos. Porra, como ele não tinha antecipado o bloqueio?
Dez minutos de viagem. A lua estava cheia, a chuva tinha passado, o momento era perfeito para ter uma ideia genial.
Então porque ele se sentia tão impotente?
Aiden foi jogado na terra batida assim que os caminhões pararam. Talvez ainda...
Mas era tarde. Ele viu o caminhão com os amigos sendo levados na direção dele.
"De joelhos, porra." Disse Zack, obviamente satisfeito, para Dexter. Com armas na nuca, ele não teve opção.
Todos estavam ali, de joelhos.
E Aiden não conseguia pensar em nada.

Rails tinha recebido a notícia e imediatamente embarcado com Anthony em um carro. Nicolas estava a salvo.
Sentia pena do garoto. Ficou com medo de ter que vê-lo chorar a morte do irmão, mas Gabe conseguiu recuperar Nick.
"Ele não vem até aqui?"
"Eles disseram que tem uma surpresa, mas que você vai conhecer o Campeão ainda esta noite." Respondeu Rails enquanto Anthony apertava o cinto. Tinha simpatizado com o velho; Ele também tinha perdido grande parte da família e... Bem, ele tinha uma mente mais jovem do que o rosto.
Durante a viagem de carro, entre os desvios de Walkers e a ocasional buzina para uma patrulha de Salvadores que respondia com acenos, Clark começou a pensar em Wiltshire Estates. Como estaria o pessoal?
Ele tinha a chance de formar alguma paz com os Salvadores, agora que era praticamente um VIP entre eles? Talvez o Campeão se mostrasse um homem razoável, capaz de negociar com Aiden e Pete...
"Chegamos."
Essas esperanças foram todas pro ralo quando Anthony viu, sob a luz da lua, todos os membros do grupo de que tinha feito parte. Ele ia dizer algo, mas então apareceu Nicolas.
"Anthony."
"Nicolas."
Eles ficaram se encarando, e se abraçaram.
"Prometo que nunca mais vou sumir, cara." Explicou Nicolas.

Shane se virou. Viu a cena.
Ele se levantou, embora Dexter tentasse segurá-lo.
"Anthony!" Ele chamou, mas foi agarrado pelos Salvadores. Gabe o obrigou a ficar de joelhos, e ele tentou dar um murro. Tomou dois socos no rosto.
"Para de bater nele! Eles são do meu grupo!"
"Não precisa mais ter medo deles, Tony." Disse Nicolas. "A gente vai cuidar deles."
"O quê? Não, espera!"
Mas era tarde.
Havia um caminhão de tour na frente deles. Bem grande. As portas da carreta se abriram, e de dentro saiu...
Dwight.
Ele nem tinha apanhado desta vez. Sentiu os olhares curiosos e sorriu.
"Ele disse que está guardando energia pra vingar o insulto." E virou-se para Gabe. "Falou pra você ter a honra, G."
"Ei, quem foi sequestrado fui eu." Protestou Nicolas. Mas Gabe já tinha limpado a garganta.

"Pessoal, sei que está todo mundo muito confuso, e acreditem, eu também estaria." Sorriu ele. "Vocês são mesmo uns filhos da puta doentios, eh? Parece que todo lugar que vocês vão pega fogo ou algo assim... Além disso, vocês não podem nem achar um cara por aí que já descem porrada? Conta pra nós, Zack."
"Me moeram de pancada." Disse o rancoroso Zack. "Me torturaram por dias. Esse maluco ali me fez comer minhas unhas!" E apontou para Dexter.
Os membros do grupo se viraram para Juencos.
"Ele disse que estava morrendo de fome." Defendeu-se ele.
"Nick?"
"Fui pendurado igual uma costela num freezer por dois dias. Meus pulmões quase congelaram e ainda me deram surras de hora em hora."
Agora Anthony estava confuso. Eles fizeram mesmo isso? Só pra descobrir onde estava um de seus membros?
"Eu..." Começou ele, mas Gabe já estava continuando.
"Vocês devem estar se perguntando; Eles tinham um bloqueio prontinho. Porque é que eles não estouraram a nossa cabeça assim que nos viram? Bom, o Campeão está generoso e resolveu dar uma lição em vocês." Dois Salvadores seguraram cada lado das portas da caçamba e puxaram.
O cheiro de óleo e tinta spray se espalhou. E então alguém saiu.
Edwin.
Ele estava vivo? Mas...
Edwin estava quase morto, tossindo sangue e com ferimentos horríveis na cabeça. Tinha sido salvo, mas seu destino tinha sido pior.
Antes que qualquer um pudesse dizer algo, ele virou-se para Shane.
"Me desculpe..." Disse Edwin.
"Ele era amigo de vocês, né?" Perguntou, atrás dele, uma voz áspera.
E então Edwin gritou com todas as forças quando um taco de beisebol, de alumínio, com arame enrolado em volta, acertou o lado direito do seu rosto.
Ele saiu voando, mas uma perna se colocou atrás dele, fazendo-o tropeçar. E uma vez que ele caíra no chão, só teve tempo de gritar mais uma vez antes do bastão descer na cabeça dele de novo, arrasando Edwin.
Todos ficaram chocados, exceto os Salvadores. Alaska ameaçou chorar.
E então, ele saiu. Alguns o reconheceram; Ele tinha sido uma subcelebridade no motocross. Mas agora?
"Oi." Disse o homem loiro. "Eu sou Chuck Reid. O Campeão."

Chuck limpou o bastão na porta, deixando pedaços de cérebro caírem. Alaska começou a soluçar, e Mellanie a abraçou. Ninguém se importou, exceto Dan, que pensava em como arrancaria cada membro de Chuck.
Carl estava aterrorizado, quase gritando. Dexter, chocado, olhava para o bastão. Jock, com ódio nos olhos queria levantar e atacar. E Marcus não queria aceitar o que estava acontecendo. Um maluco.
Aiden, por outro lado, estava fazendo algo inédito. Quando Shane se virou, ele viu Aiden Pearce chorando pela primeira vez em anos.
Viu as lágrimas descendo pelos olhos verdes, os olhos de um homem aterrorizado. Talvez nem por ele, mas pelos outros...
Por Carl. Mellanie.
Anthony agarrou o braço de Nicolas.
"Faz isso parar agora." Disse ele.
"Vamos fazer justiça, Tony." Sorriu Nicolas. "É assim que as coisas funcionam agora."
Chuck virou-se para os dois. Sorriu. A barba mal cortada estava banhada de sangue, e a jaqueta de motoqueiro tinha alguns pedaços do rosto de Edwin.
"Nicky Clark." Disse ele, alegre. "Esse é o seu irmão? O pequeno chuta-bunda?"
"Esse mesmo, Campeão." Disse Nicolas. "E-Eu queria me desculpar, sabe. Juro que não disse nada enquanto..."
Chuck apenas riu e fez um gesto de "deixar pra lá".
"Tudo bem, meu garoto, tudo bem. Todo passarinho canta se você apertar ele bem. Mas não fique triste. Vem aqui e me dá um abraço."
Nicolas hesitou, mas foi até o homem.
Abraçou Chuck, tomando cuidado para não melecar o peito nu no cérebro que ainda pingava...
E então Chuck o atirou no chão.
Ele nem gritou. Reid aplicou-lhe dois chutes no traseiro, um murro no meio do estômago e mais dois chutes na cabeça. Sangue escorreu da ferida causada pela bota.
Anthony gritou, mas Rails conseguiu segurá-lo.
"Nunca..." Um chute.
"Mais..." Outro chute.
"Tenha..." Mais um.
"A capacidade..." Dois de uma vez.
"De estragar algo fácil!" Finalizou com um pontapé.
Nicolas estava acordado; As brigas de rua o tinham deixado resistente. Mas sua cabeça pingava sangue. Um dente tinha caído.
"Levanta e cai fora." Disse Chuck. "Senão apanha mais."
Ele foi levado de volta para Anthony. Mas então o Campeão o parou.
"Espera."
Nicolas se voltou para ele, limpando o sangue.
"Diga 'obrigado por não me matar por eu ter fodido uma operação fácil.'".
"Obrigado por não me matar por eu ter fodido uma operação fácil."
"Bom menino." Chuck virou-se para o grupo. "Deviam aprender com ele... Enfim, perdemos muito tempo, né?"
Ele jogou o bastão para cima e o apanhou no ar. Alguns aplausos dos Salvadores.
"Eu sou o Campeão e esses são os Salvadores, formados para criarmos ordem e paz." Explicou ele. "Cada um dos meus rapazes foi escolhido a dedo porque gostam de eliminar injustiças. E vocês são muito injustos. Como Gabe bem disse... Bem dito, Gabe... Vocês têm uma certa reputação. Woodbury, Fulldoom... Obrigado por tirarem eles do meu caminho. O problema foi que vocês entraram nele também."
Ele mostrou o bastão.
"Eu não posso permitir que vocês matem meus homens, sabem? Isso é mau pra moral." Explicou ele. "A gente só cobra imposto em suprimentos porque protegemos as pessoas. Dreamland, por exemplo."
"Você deixou a cidade queimar." Acusou Dan.
"Não, eles se recusaram a pagar naquele mês e a gente fez o que prometeu." Sorriu Reid. "Fala mais alguma coisa que eu te mando direto pra falar com os moradores de lá."
Silêncio.
"Perdoem a interrupção. Sou um homem muito sensível. E é por isso que fiquei triste com suas atrocidades. Logo..."
Girou o bastão nas mãos. O grupo sabia o que vinha a seguir... Todos se sentiram impotentes.
Colocou o bastão sobre a cabeça de Aiden. Ele fechou os olhos. Era o fi-
"Uni."
O bastão foi para a cabeça de Dexter.
"Duni."
Shane.
"Tê."
Dan.
"Salamê..."
Mellanie.
"Linguê."
Alaska.
"O escolhido..."
Jock.
"Foi."
Marcus.
"Você."
Carl. Aiden ia gritar...
"Mas."
Voltou para Marcus.
"Mamãe..."
Jock de novo.
"Mandou..."
Os olhos de todos seguiram o bastão.
"Escolher... Este... Daqui."
Voltou o bastão e ia dar um golpe, mas começou de novo.
"Mas eu... Sou..."
Aleatoriamente.
"Um menino malcriado... E decidi escolher..."
"Este... Daqui."
Antes que pudesse olhar pra cima, a vítima foi atingida. Gritos.
"NÃO!"
"PARA! PARA!"
"Caralho, você é forte mesmo." Disse Chuck. "Vamos ver se aguenta essa."
BAM.
E o mundo ficou escuro. Finalmente, o abraço da morte libertava um membro do grupo do pesadelo que é a doença entre nós.

sábado, 28 de março de 2020

Disease Among Us S7 #11

Season 7, Episode 11: Os Vivos, os Mortos, e os Loucos

Gabe nunca tinha pisado tão fundo num acelerador.
Com Nicolas a salvo no banco traseiro, ele e o grupo suspiraram aliviados enquanto dirigiam até a estação. Gabe apanhou o rádio.
"Aqui é Gabe." Disse. "Estamos com o Nick, mas vão querer nos matar. O que é que o Campeão quer fazer?"
Silêncio por dois minutos, até que a voz de uma moça respondeu o rádio.
"Ele disse que é pra vocês irem até ele. Disse que vai mandar alguém pra escoltar." Ela desligou em seguida.
"Porra, isso não vai dar certo. A gente vai morrer, cara." Vic olhou pelo retrovisor, paranoica. A horda continuava entrando, mas ela tinha um mau pressentimento.
"Cala a boca! A gente tem que ficar junto e chegar logo no acampamento." Brigou Gabe. "Como se sente, Nick?"
"Porra, me sinto ótimo." Disse Nicolas. "Fiquei pendurado num gancho de açougue tomando surras por três dias. Como acha que estou?" Mas mudou de assunto. "Gabe, você levou Anthony pra um lugar seguro?"
"Rails está com ele, não se preocupe."
Nicolas suspirou de alívio. Enquanto isso, Dwight abriu o vidro do banco traseiro e apoiou uma lança caseira. Afundou-a no crânio de um Walker que passava, arrastando-o atrás do carro.
"Para com isso, porra, não desconta as suas surras nos outros."
"Foi mal, só parecia divertido." Ele soltou o Walker, deixando uma trilha de sangue.





Aiden se arrastou pela lama úmida e conseguiu chegar ao outro lado da casa. Abriu caminho pela madeira podre do assoalho e saiu bem a tempo de ter o pescoço agarrado por uma mão esquelética saindo de uma portinha de cachorro.
Ele engasgou quando o Walker começou a se esgueirar para dentro, louco para devorá-lo. Aiden mergulhou de volta no buraco que tinha feito, arrastando grande parte do errante pra dentro. Ouviu o quebrar do osso quando forçou-o a entrar no espaço apertado e conseguiu enfim respirar de novo.
Com um soco entre os olhos, conseguiu tirar o monstro do caminho sem ser mordido. Deixou a carcaça furiosa presa no chão e saiu pela porta.
Porra, tudo que ele tinha procurado até agora dava merda.
Virou-se para a casa mais próxima e correu até ela também. Estava igualmente vazia. Era a última da rua, e os sobreviventes estavam se organizando.
"ANDA LOGO! TEMOS QUE IR PRA CAMINHONETE!" Gritou para o grupo que se formava. Mas Mellanie olhou pra ele.
"Não podemos ir, a gente tem que proteger Wiltshire Estates."
"A GENTE VAI PERDER OS SALVADORES!"
O grupo continuou focado em destruir os Walkers. Aiden amaldiçoou e correu na direção da caminhonete.

Eram muitos. Mas tinham que acabar uma hora.
Shane conseguiu parar o avanço de um grupo que tentava destruir a barricada, mas um dos moradores caiu entre os errantes e foi prontamente devorado.
Jock preparou outra granada de pregos e atirou-a. Alguns caíram, mas ela foi largamente ineficiente.
"Porra, já era, perdemos tudo, não tem mais onde ir, a gente tá fodido, vão acabar com a gente, porra, fudeu."
Então, surgiu Dexter.

Dirigindo a perua de suprimentos em alta velocidade, Dexter fechou os olhos. Tentou se lembrar do porquê estava fazendo aquilo, mas decidiu ignorar.
Abriu a porta a poucos metros da horda e pulou.
Caiu entre dois zumbis, que caíram sobre ele na hora. Mas Dexter não era suicida e, num movimento rápido, arrastou-se para longe.
A perua, por outro lado, continuou desgovernada, derrubando os errantes como pinos de boliche. Os Walkers grunhiam e mordiam enquanto eram atropelados.
Com a maioria deles fora de combate, foi fácil para o grupo terminar de eliminar os errantes. Então, se viraram para a caminhonete.
Ela se fora.
"Porra, Aiden foi sozinho?"
O grupo ouviu a buzina em meio a um grupo pequeno de zumbis. Lá estava ele.

Os moradores de Wiltshire Estates focaram em reconstruir os muros e limpar os mortos. O grupo decidiu eliminar os Salvadores, responsáveis por toda aquela destruição.
Pegando a caminhonete de Wiltshire Estates e um caminhão de suprimentos, o grupo se dividiu para emboscar os Salvadores. Nas primeiras horas da manhã, Aiden, Dexter, Dan e Jock partiram na caminhonete. Em seguida, Mellanie, Shane, Carl, Alaska e Marcus usaram o caminhão.

Mas o Campeão estava preparado.
Os Salvadores fizeram planos por toda a manhã. Porra, ele estava esperando uma chance dessas pra consolidar o poder fazia meses.
Foi mais fácil do que ele pensou. Eles tinham até se dividido, como porquinhos indo ao abate.
E o caminhão já se aproximava do bloqueio.

"Porque você parou?" Perguntou Dexter.
E então ele viu a barricada de Salvadores, todos com armas automáticas.
Jock e Aiden desceram, as mãos pra cima.
"Podemos fazer um acordo." Disse Aiden. "Aqui, e agora."
Mas então, Zack saiu de trás das barricadas.
"Desculpa... Não negociamos."

sexta-feira, 27 de março de 2020

Disease Among Us S7 #10

Season 7, Episode 10: Salvando o Soldado Clark

Os Walkers encheram as ruas, derrubando moradores e fazendo as vias expressas de Wiltshire Estates se tornarem um caos de sangue e errantes. Os que podiam lutar tentavam, mas muitos caíam frente a horda no espaço apertado.
Os moradores que conseguiam chegar até suas casas trancavam todas as portas e se abaixavam, rezando para não serem percebidos. Alguns não tiveram essa sorte, e foram devorados quando os monstros destruíram as belas portas e janelas para chegar até a comida.
Nicolas correu com os homens que tinha jurado matar um dia, evitando os Walkers e tentando não ficar para trás. Viu Aiden se separar da fila do grupo em fuga e entrar em uma varanda.
"CARL!" Gritou Shane. "CORRA!"
Mas Carl já estava correndo na direção de Aiden.
Conseguiu alcançá-lo. Os dois passaram pela varanda de uma casa azul, saltaram sobre a cerca do jardim e conseguiram chegar ao outro lado do condomínio.
"Ainda não tem nenhum deles aqui!" Disse Carl. "Porque viemos?!"
"Pra tirar as pessoas daqui." Respondeu Aiden. E apertou o botão das sirenes de emergência.
Alguns moradores já estavam montando um bloqueio para as vias expressas, e um senhor tinha subido num monte de pneus com um rifle, dando tiros em errantes que tentavam impedir a passagem dos sobreviventes. Com certeza salvou algumas vidas dessa maneira, deixando que os moradores do outro lado de Wiltshire entrassem com segurança.
"HORDA! ALERTA DE HORDA!" Gritou Aiden. "TODO MUNDO COM ARMAS, AJUDE!"
Alguns moradores saíram de suas casas - Um ou dois até de pijama - com pistolas, rifles, facões e coquetéis Molotov. Começaram a fazer o que podiam para ajudar a conter a horda, que parecia infinita.

"Porra, não vai acabar assim."
Gabe carregou seu último foguete. Mirou no meio de um grupo gigantesco e atirou.
Os pedaços de cadáver voaram para todos os lados, mas o caminho estava livre. Dwight correu até a casa mais próxima.
"ACHEM O NICK!" Ordenou Frank.

Nicolas Clark, porém, estava longe.
Dan, com sua espada, cortou caminho para o grupo pelas ondas de Walkers. Eles estavam divididos, e precisavam se reagrupar.
Dan viu Carl sobre um teto, atraindo errantes e atirando neles com sua pistola. Apontou para o garoto de chapéu.
"Ali!" Exclamou. Nicolas e ele correram na direção de Carl, que prontamente virou-se pra trás.
"ABRAM O PORTÃO, ABRAM O PORTÃO, DAN ESTÁ AQUI!"
Ele escorregou. Caiu do teto de tijolos direto entre o grupo que estava atraindo.
Carl gritou e esperneou. E então, os errantes começaram a cair sobre ele como sacos.
Dan os estava atacando.
"SAIAM DE CIMA DELE, PORRA!" Gritou Luna. Um dos Walkers virou sua atenção para Nicolas, que prontamente agradeceu a preocupação com dois murros no rosto. O monstro molenga caiu e rachou a cabeça no pavimento.
Com Carl a salvo, era hora de se proteger. O trio entrou na casa e um morador trancou a porta.

Mellanie praticamente derrubou a porta.
"Se algo aconteceu com Alaska, eu..."
Ela foi surpreendida quando a amiga grávida tentou acertá-la com um taco de beisebol. Prontamente, Alaska abraçou-a.
"Ai meu Deus, graças a Deus você está bem." Disse Mellanie.
"Ouvi gritos. O que está acontecendo?"
"Precisamos sair daqui, é tudo que precisa saber. Consegue usar esse taco?"
"Consigo."
"Então fique perto de mim e vamos."

Shane tinha subido na carcaça de um carro e já estava sendo rodeado quando a caminhonete de suprimentos arrancou grande parte do grupo de perto de sua posição.
"WHOA!" Gritou Shane, aproveitando para descer e dar mais tiros com a Mossberg. Jock virou a caminhonete pela via expressa, atropelou mais errantes e buzinou.
Shane subiu na carroceria e se agarrou como pôde.

Gabe entrou na via expressa com um golpe de machado na porta de uma casa. Ignorou a moradora aterrorizada e continuou correndo.
Quase foi atropelado por uma caminhonete enlouquecida. Porra, eles sabiam que eles estavam ali. A caminhonete derrapou.
"É um Salvador! Foram eles!" Gritou Shane.
Gabe correu pela via expressa com a caminhonete no encalço. Conseguiu enfiar o corpo gordo dentro de uma ruela e salvar-se dos tiros de Shane.
"Desce lá e acaba com ele!" Gritou Marcus, assumindo a direção enquanto Jock descia.

Dan e Nicolas deixaram Carl na sala da casa e continuaram correndo. Eventualmente, Nicolas percebeu que era sua chance de escapar.
Ele subiu pela janela da varanda, aproveitando a distração de Dan, e conseguiu pular para outro telhado. A liberdade estava próxima.
Desceu correndo e trombou com Dwight na porta.
"D?" Perguntou Clark. "O que está fazendo aqui? Foram vocês que..."
"Viemos salvar você." Respondeu o homem. "E sim, fomos nós."
Correram rua abaixo.

Aiden percebeu a movimentação, mas era tarde demais.
Dwight e Nicolas tinham escapado e estavam indo na direção da saída. Ele não titubeou.
"REÚNA TODO MUNDO, AGORA! VAMOS SEGUIR AQUELE HUMMER!" Disse ele.
Desceu correndo e esgueirou-se pela noite. Dan estava gritando pela janela, chamando o resto do grupo.
Aiden virou a via expressa e topou com Pete.
"Você." Disse Pete. "Seu assassino maluco."
Ele estava segurando o corpo de Aaron. Mas também segurava uma espingarda, que mirou ao deixar o corpo do filho cair.
"Você causou isto." Disse ele. "Você trouxe esses panacas pra cá."
"Não." Justificou-se Aiden. "Os Salvadores são uma ameaça pra todos nós."
Ele levantou as mãos.
"Agora abaixe a arma, Pete. Sei que está triste por sua perda, mas..."
"ESTOU TRISTE POR MINHA PERDA?!" Exclamou ele. "EU ESTOU ARRASADO, CARALHO. AARON ERA TUDO QUE EU TINHA NA VIDA! VOCÊ VIAJA PELO PAÍS TIRANDO TUDO DE TODO MUNDO, SEU LADRÃO INÚTIL. EU SEI QUEM VOCÊ É. VOCÊ É O VIGILANTE. VOCÊ É AIDEN PEARCE. O HACKTIVISTA, PORRA."
"Abaixa a arma, Pete. Estou avisando."
Pete aproximou-se. Destravou a espingarda.
"Você tira tudo de todo mundo... Porque?"
"Eu nunca faço isso porque quero, Pete. E acredite... Eu realmente sinto muito. O mundo enlouqueceu. As pessoas estão virando animais... Abaixa a arma. Vamos conversar."
Pete fez menção de apertar o gatilho. Aiden abriu o cassetete e moveu-se na direção do homem.
O tiro de Pete destroçou a pintura da parede, e Aiden teve poucos segundos para apreciar a própria sorte antes de cair sobre ele, dando dois golpes de cassetete em seu estômago.
Pete era forte e se virou, dando um chute na boca dele. Ele se arrastou até a espingarda e a agarrou.
"PETE, NÃO!" Gritou Aiden. Mas Pete apenas sorriu enquanto a chuva o fazia parecer um psicopata.
Ele gritou quando o Walker mordeu seu ombro com força. Largou a espingarda. Aiden quase pegou a 1911, mas sabia que era tarde demais.
Pete conseguiu sair das garras do errante, mas cambaleou, sangrando, na direção oposta. Foi derrubado. Aiden correu entre os Walkers e deixou Pete e Aaron para os errantes.

Disease Among Us S7 #9

Season 7, Episode 9: O fim?

Enquanto Gabe e seu grupo eliminavam os sobreviventes do ataque a Louisville...

Nicolas tinha sido tirado do freezer. Levado por Dexter até a sala de reuniões, foi apresentado a Pete. Dexter disse que era um Salvador de alto escalão.
Aaron e Carl entraram em seguida. E, depois dele, os recém chegados Aiden, Marcus, e Jock. Por fim chegou Mellanie e, atrás dela, Shane. Dan sentou-se por último. Alaska sentiu-se mal e resolveu não ir.
Pete, líder de Wiltshire Estates, lambeu os lábios e estudou o grupo. Era sua chance.
"E como, exatamente, vocês capturaram esse homem?"
"Ele nos atacou na comunidade de Louisville, com seus capangas." Disse Aiden.
"E descobrimos que é irmão de um dos nossos, que está sumido." Completou Dexter.
Pete assentiu.
"Entendo." Disse ele. E virou-se para os seguranças - A pequena milícia de Wiltshire Estates. "Vamos lá fora e iniciar o julgamento."
O grupo concordou. Nicolas, sempre com Dexter no encalço, foi levado ao patíbulo onde faria a confissão que tinha prometido no freezer, após Dexter convencê-lo de que eram amigos de Anthony.
Pete deu um discurso de abertura.
"...os Salvadores parecem ser uma ameaça bastante real para nossa comunidade e os assentamentos vizinhos," Disse Pete. "Mas eu pergunto; Podemos executar este homem sem provas?"
Aiden olhou para Mellanie. Ela retribuiu o olhar.
O que Pete estava fazendo?
"Não há nenhum indício da existência desses Salvadores fora destes muros." Disse Pete. "A verdadeira ameaça, amigos, é a infiltração de psicopatas dentro de nossas muralhas. Essas pessoas, que nós acolhemos com tanta afeição, são responsáveis por destruir centenas de vidas."
Até Nicolas ficou confuso. Aaron olhou para Carl.
"O que seu pai está dizendo?" Perguntou Grimes.
"E-Eu não sei. Eu só disse a ele que vocês tinham estado em Woodbury."
"Você fez o quê?!"
Pete continuou praguejando. Aiden sentiu os olhos dos sobreviventes lentamente virarem contra o grupo.
"Merda." Disse ele.
"Woodbury pode não ter sido perfeita... Mas que lugar é perfeito? Eles tinham um império relativamente grande e autossuficiente; Destruído por moralistas sem-vergonha!" Gritou o político, deleitando-se com o ódio da turba. "Eu digo: Expulsem essas pessoas de Wiltshire Estates agora mesmo!"
"Não vamos sair." Disse Shane.
Ele tinha sacado a Mossberg e mirava diretamente em Pete.
"Não antes de acharmos Anthony. Se você vai bancar o ditador, que seja depois, porra."
"Shane, para." Disse Mellanie. "Você não está ajudando."
"O que você sabe sobre ajudar?" Shane estava agressivo. A tensão dos últimos dias o estava deixando em frangalhos.
"Eles são violentos e homicidas, pessoal!" Atiçou Pete. "Me ajudem a tirar esses assassinos daqui!"

O Hummer tinha parado a alguns metros de Wiltshire. Cada membro do grupo estava equipado de comunicadores nas orelhas.
Vic ajeitou o boné e deitou-se na grama macia. Alcançou um batom pela metade da bolsa, aplicou-o e checou se estava apresentável pela película protetora da mira do rifle.
Satisfeita, levantou a película e calibrou o alvo. 
"Tô vendo Nick." Disse ela.
"Onde é que ele tá?" Gabe, escondido atrás do portão, perguntou. Frank estava puxando uma barricada para abrir uma passagem.
"Tem MUITA gente ali." Comentou Vic. "Eles vão me ver na hora."
Gabe amaldiçoou em voz baixa. Olhou para Dwight.
Dwight deu de ombros.
"É tudo culpa sua, Gabe."
"Cale a boca, seu frangote de merda." Disse Gabe. Frank suspirou e conseguiu abrir passagem.
Entraram. A noite estava escura; Perfeita para uma infiltração. Mas Gabe carregava nas costas um pesado lança-foguetes.
"Vai atirar no meio da multidão? Você ficou maluco?" Disse Dwight.
"Temos outra escolha? Ou eles ou nós. Temos que tirar o Nick dali, vivo ou morto." Apertou o comunicador. "Vic, tem gente demais. Quando ver a explosão, mate o Nick."
Silêncio.
"Matar o Nick?" Perguntou Vic.
"Não vamos conseguir tirá-lo dali, porra. Mata ele e podemos voltar pra casa sossegados."
"Isso não me agrada, mas vamos em frente."
A Salvadora deslizou a trava do rifle para trás e mirou na testa de Nicolas. Prendeu a respiração.

"Tirem eles daqui!"
Os moradores estavam se decidindo entre o grupo e Pete. Ele não inspirava confiança.
"Você está fazendo campanha á nossa custa!" Acusou Carl. Pete cuspiu.
Aaron subiu no palanque, correndo até o pai.
"Pai, são meus amigos! Pare!"

"Já." Disse Gabe. Mas um cidadão se virou de súbito, e Gabe se assustou. Apertou o gatilho.
O foguete foi atirado na direção da barricada, que se estilhaçou com a explosão. A multidão demorou alguns segundos para perceber o que tinha acontecido.
A essa altura, Vic não pensou duas vezes e atirou.

"NÃO!" Gritou Carl.
Pete permaneceu em silêncio. Nicolas fechou os olhos e tentou imaginar se a morte era mesmo assim.
Aaron cambaleou alguns segundos, os olhos sem vida e os braços soltos, com a marca de bala na testa. Depois, caiu.
Marcus correu até Nicolas, arrancou-o do patíbulo e correu com ele para as casas. Os cidadãos finalmente acreditavam na ameaça dos Salvadores.
Pete agarrou o corpo do filho. Não estava arrependido. Para ele, isso só provava que o grupo era uma ameaça.

"Você errou, Vic."
"Eu sei, caralho." Ela pensou. Estava perdida nos seus pensamentos.
"Matei uma criança." Disse baixinho. Aaron não devia ser muito mais velho que Carl; Era um pré-adolescente. "Um tiro na cabeça e o matei."
Ela voltou aos tempos de criança. Seu tio a obrigava a se abaixar, atirar contra as garrafas na velha fazenda enquanto ele gritava como ela era patética. Que não sobreviveria numa guerra e muito menos numa invasão. Ele sempre quisera um filho homem, e quando os pais dela morreram, ele descontou isso nela. Fez dela um homem, um soldado á sua maneira.
Imaginou ela mesma naquele local. Tomando um tiro na testa. Sentindo as memórias, a consciência se esvair enquanto ela sentia aquele tiro.
E ela nem tinha conseguido cumprir sua missão.
"...ic você está aí? Mova essa bundinha gostosa até o Hummer ou eles vão te comer aí mesmo!"
Ela foi acordada pela voz de Frank pelo comunicador. Olhou pra baixo.
Uma horda.
Atraída pela explosão.
Agora estavam todos presos; Salvadores e residentes. E ela estava no topo da colina, sem poder fazer nada.
As nuvens escuras de chuva molharam o boné de Vic enquanto ela olhava a onda de mortos derrubar os portões...

Disease Among Us S7 #8

Season 7, Episode 8: Procurando Nicolas

"Você exagerou."
"Vai saber o que vamos encontrar, caralho."
Gabe acomodou o RPG atrás do Hummer. Virou-se para Vic.
"Tá todo mundo pronto?" Ele perguntou. Vic assentiu.
"Vamos botar pra quebrar." Ela sorriu, brandindo o rifle.
O grupo partiu para Louisville.

Os Walkers na entrada de Louisville já tinham começado a comer os Salvadores mortos. No topo, sobre a cidade, a noite chegava.
Aiden, Jock e Marcus tinham sido recebidos como heróis. A tirania dos Salvadores parecia acabada, e o líder - O barbudo que os tinha levado ao posto avançado, John - concordou em estabelecer uma rota de trocas com Wiltshire Estates.
"Há outras comunidades na vizinhança." Disse ele. "Trocamos com Hinnes City. Eles têm sempre peixe pra vender."
"Salvadores?"
"Hinnes? Fortificada demais. Eles nem chegam perto." Disse John. "Mas quando alguém sai, eles pegam na hora."
"Isso é tudo, então." Disse Aiden, levantando-se. "A gente tem que ir. Nada sobre os Salvadores aqui além do que já sabíamos."
O grupo desceu. Ao entrar no carro, Jock percebeu que Marcus estava sem sua camisa, a polo vermelha de golfe com o logo do condomínio.
"Ei, onde foi parar sua camisa?"
"Tinha uma moça precisando esquentar um bebê." Explicou Marcus. "Dei pra ela enrolar."
Aiden sorriu.
"Certo, anjinhos, vamos voltar pra casa."

Nicolas tossiu. Seus pulmões pareciam estar congelando. 
Dexter o tinha jogado no chão na última noite. Ele estava deitado no chão frio, sem nada para se proteger e algemado como se estivesse aproveitando uma noite numa dungeon S&M.
"Vai se foder." Disse para Dexter.
"Isso pode acabar rápido, amigo. Qual é seu nome?"
"Vai tomar no cu. Vocês raptaram meu irmão."
Dexter paralisou.
"Seu irmão?"

A primeira explosão destroçou as pontes no topo de Louisville.
Gabe colocou outro foguete no RPG, mas Frank conseguiu pará-lo a tempo.
"Nós temos só mais dois desses. Não jogue fora."
"Tem razão." Disse Gabe.
"Pessoal!" Gritou Vic. "Nem sinal do Nick."
"Bosta."
Gabe estava suando de medo. E se o Campeão ficasse sem paciência?
Foi então que ele pisou sobre uma pequena criatura. Estava morta.
Gabe levantou o bebê, que devia ter caído lá de cima. Louisville já era, mas...
"Nada?" Perguntou Frank.
"Muito pelo contrário." Gabe sorriu.
Ele desenrolou o bebê da camisa vermelha, onde estava escrito "Wiltshire Estates".
"Sabemos exatamente pra onde nosso passarinho voou."

Disease Among Us S7 #7

Season 7, Episode 7: A Dica

O sapo coçou as costas com um movimento rápido das patas traseiras. Subiu na rocha mais próxima e começou a saltitar pelo riacho.
Tinha se acostumado aos errantes que volta e meia tentavam comê-lo. Mas até o sapo os achava pateticamente fácil de enganar. O verdadeiro problema eram os cachorros raivosos. Por isso, ele achou melhor descer o rio.
O sapo tinha três anos, e nos 2 últimos as coisas tinham mudado bastante. Ele já tinha explorado vários locais que nunca teria acessado no início da vida, porque agora os humanos não ligavam mais pra ele.
Ele coaxou e subiu em um tronco que passava rio abaixo. Assim ele iria mais rápido. Sentiu que o tronco era macio, mas não ligou muito pra isso.
O sapo pegou uma mosca no ar e se alimentou, ignorando o fato de estar sentado sob um cadáver, abandonado e com uma flecha na nuca.

Os Salvadores eram muito bem organizados, considerando que eram todos pessoas comuns ou criminosos de baixa fama. Eles estavam fazendo turnos e tinham montado uma casa de tijolos para fiscalizar a entrada alternativa para Louisville. Eles logo viram um dos homens vindo do território onde antes reinara o Governador. Um mercador. Pararam o homem.
"De onde você é?" Perguntou o líder, um homem com cabeça pontuda e em formato de míssil. O camponês engoliu em seco.
"Venho de Fallsting." Respondeu ele. "Somos aliados aos Salvadores."
"Checa lá." Disse o líder. Um baixinho correu para dentro da casa. "O que você tá trazendo aí na sacola?"
"Encomendas," Respondeu o homem. "Pros sobreviventes de Louisville."
"Eles cancelaram o pedido, amigo. Pode dar pra nós."
"Tudo bem. Só não me machuquem."
Ele entregou a sacola. O homem a abriu, sorrindo ao ver as latas.
"Muito bom. Agora, some."
O mercador apressou-se em sair dali. O baixinho saiu de dentro da casa.
"Procurei nas anotações. Fallsting foi desmontada."
O líder grunhiu. "Alguém pegue o cara." Ele apanhou uma faca e cortou um furo numa das latas.

A explosão atirou Mack para longe. Deus do céu, ele estava cheio de estilhaços. Tinham colocado a porra duma granada improvisada cheia de pregos nas latas.
Levantou a cabeça e sentiu uma dor incrível no pescoço. Tinha um prego enferrujado entalado na garganta. Começou a gritar, ignorando a dor.
"MATEM ELE, SEUS BABACAS! PEGUEM ELE!"
Porra, bem no dia em que ele tinha sido promovido. Sabia que Louisville ia contra-atacar eventualmente.

Aiden arrancou o chapéu de palha da cabeça. Fez um sinal de OK para Jock.
Confortavelmente instalado atrás de uma pilha de caixotes, Jock começou a fuzilar os sobreviventes da explosão. Salvadores gritavam e caíam. Alguns tentaram correr e pegar suas armas, mas a força combinada foi demais pra eles.
Pregos pra todos os lados. Corpos e mais corpos. Um ou dois já estavam até mesmo tendo os espasmos que precediam a transformação em Walkers.
O grupo tinha cumprido sua parte do trato com Louisville; Os Salvadores estavam mortos.
Agora, era hora de Louisville cumprir a parte deles.

Gabe pisou no acelerador. Quase destroçou o portão de tela quando a equipe saiu.
"Cuidado, gorducho." Disse o vigia do estádio. "Vai acabar machucando alguém."
"Pau no seu cu." Disse Gabe. Os quatro renegados entraram no estádio, passando pelos inúmeros carros e mecânicos. Passaram pelas jaulas onde haviam casais de Walkers. E entraram no arsenal.
"O que é que você quer?" Perguntou o armeiro.
"Eu quero a porra de um lança-foguetes." Disse Gabe.

quinta-feira, 26 de março de 2020

Disease Among Us S7 #6

Season 7, Episode 6: O Rei do Suicídio

"Pare aí mesmo!" Gritou Kevin.
Kevin, líder do pequeno grupo de Salvadores que patrulhava a estrada Wiltshire - Louisville, tinha acabado de parar um caminhão que parecia promissor.
Dois homens desceram. O primeiro era Jock Maxuel, e o segundo era Marcus.
"De onde vocês vêm?" Perguntou ele.
"DeVitta." Respondeu Jock.
"Onde é isso?"
"No inferno, porra."
Jock sacou o fuzil, escondido atrás da porta, e disparou contra os Salvadores. Marcus acompanhou-o, sacando a MP5.
Os cinco Salvadores, pegos de surpresa, tentaram reagir e voltar para trás do ônibus que usavam para bloquear a rua. Mas um tiro silenciado derrubou Kevin, o sangue jorrando da cabeça.
Aiden se esgueirou pra fora da traseira. Fora uma batida limpa; Ninguém do grupo estava ferido e os cinco corpos estavam caídos.
"É o terceiro bloqueio em cinco quilômetros." Disse ele, remexendo nos bolsos de Kevin. Encontrou alguma munição e, na mochila de um Salvador, latas de feijão.
"Eles estão se preparando." Disse Jock. "A nossa operação em Louisville deve ter deixado os caras com o cu na mão."
"Porra, mas não deixamos sobreviventes."
"Isso é o que a gente acha."
Conseguiram ligar o ônibus e dirigir longe o bastante para abrir a rua. O caminhão continuou seu caminho.
Aiden apertou o braço direito, que doía um pouco devido ao esforço. Imaginava como Shane deveria estar se sentindo... Ele prometera que encontraria alguma pista sobre Anthony.
Dexter insistiu para ir também. Disse que queria vingança. Mas Aiden argumentou que se alguém poderia tirar informações da boca do Salvador capturado, era Dexter.
O resto da jornada para Louisville transcorreu sem grandes transtornos. Eles foram abordados por dois homens pedindo comida, que se afastaram depois de receberem duas latas. Fora isso e um pequeno grupo de Walkers alimentando-se de uma vaca magra na estrada, nada de mais.
Chegaram a Louisville perto das três da tarde. Trancaram o caminhão e o deixaram na saída da cidade. Em seguida, adentraram nas ruínas.
"Tá muito quieto." Comentou Marcus, destravando a MP5. "Já devíamos ter ouvido a horda."
"Talvez eles tenham ido embora... Você sabe que eles nunca ficam muito tempo parados."
"Duvido." Disse Aiden.


O cheiro horroroso de carne em putrefação devia tê-los alertado sobre a presença da horda, mas eles só notaram os errantes alguns minutos depois.
Mal haviam um ou dois em pé. Alguns estavam partidos no meio, outros decapitados. Corpos mortos rodeavam a rua e uma grande pilha de Walkers estava em chamas no meio da cidade.
"Merda, o que foi que eles fizeram?"
"Destruíram a segurança de Louisville." Disse Aiden. "Temos que subir e ver se..."
Não precisou terminar a frase. Jock entrou no beco - Agora livre de Walkers - e tentou abrir a portinhola de acesso ao teto. Não conseguiu.
"Corrente."
"Chuta."
O chute poderoso de Jock fez a porta cair com um estrondo. Os três homens entraram, armas em punho, no espaço apertado e escuro. Marcus tremeu de frio.
"M, preciso de luz aqui." Disse Aiden. Houve um click, e a MP5 de Marcus gerou um feixe de luz de sua lanterna acoplada. O ex-fuzileiro tomou a dianteira e eles começaram a subir as escadas.

Dwight tinha apanhado mais que o normal. Isso era ruim.
Gabe sabia que o Campeão ficaria puto com a notícia, mas não pensava que seria a esse ponto. Nicholas tinha algumas informações perigosas a respeito dos Salvadores.
"Ele mandou formar um grupo de busca." Disse Dwight, segurando gelo contra a boca ferida. "Disse que temos que achar o Nick em três dias ou ele vai matar você."
"ME MATAR?" Disse Gabe, surpreso.
"É. Ele disse que você não tinha o direito de abandonar seu posto pra trazer o garoto. Mas ele disse que vai matar Frank, porque no dia do ataque ele estava doente, e Vic, porque disse que está muito puto."
"E você?" Perguntou Vic.
Dwight deu um sorriso forçado com o rosto magro e fracote.
"Eu morro cada vez mais a cada vez que ele quer falar comigo."
"Vamos achar Nick, então." Disse Frank. "Como vamos tirar ele de seja lá onde ele estiver?"
"O Campeão disse que a gente só pode tirar o Nick se isso não botar a gente em risco." Completou Dwight. "O plano B é simples. Matamos o Nick antes que ele fale."

Lousville de cima não estava muito melhor.
Os Salvadores tinham pilhado quase tudo. Deus, tinham "cobrado um imposto" sobre tudo e todos.
As pessoas sobreviventes agarravam-se á comida como animais selvagens enquanto o grupo passava. Ninguém tentou impedir; Apenas ficavam ali, protegendo as crianças.
Um ou dois deles grunhiram, e apenas um velho mandou que eles "pegassem o que quisessem e dessem o fora". Fora isso, silêncio.
"Isso sim é levar o pacifismo a outro nível." Comentou Marcus.
Entraram numa passarela que levava ao topo de outro prédio. Ali, três homens barbudos assavam uma coleção de ratazanas grandes e gordas. Eles olharam com medo para o grupo enquanto se aproximavam.
"Boa tarde." Cumprimentou Jock.
"Boa tarde." Responderam os três, em uníssono e sem animação.
"Da última vez que viemos tinha uma horda."
"Vocês estão com os Salvadores? Já foderam a gente, não precisam esfregar na cara."
"Muito pelo contrário, amigo." Disse Marcus. "Estamos aqui pra pegar os filhos da puta."
Os churrasqueiros se entreolharam.
"Se você fizer algo assim, nós agradeceríamos." Disse um deles. Ele se levantou. "Guarde o meu rato." Ordenou ao cozinheiro, que assentiu. Em seguida, ele andou até o grupo.
"Os Salvadores montaram um pequeno posto de checagem em uma das rotas de comércio com Dreamland. Agora não existe mais Dreamland, então eles estão usando o lugar pra chegar aqui em cima sem entrar na cidade." Explicou o barbudo. "Vocês vão matá-los?"
Aiden deu de ombros.
"Sei lá."
E jogou uma lata de carne seca para o homem.
"Mas obrigado pela dica."

DAU

é um por dia caralho para de encher o saco

Disease Among Us S7 #5

Season 7, Episode 5: Os primeiros dias

Aiden remexeu nos bolsos do casaco. Tirou de dentro um pacote de bolachas recheadas, abriu e comeu uma. Estava velha e molenga, mas era comida.
Ainda estava tentando se recuperar das operações médicas pelas quais tinha passado. O corpo tinha parado de doer, mas o fato de ter alucinado no dia anterior punha em risco sua habilidade de discernir entre amigo e inimigo.
No fundo, ele agradecia Dan por tê-lo tirado dali.
Carl aproximou-se. Estava bem mais aliviado agora que ele estava de volta, e estava feliz com Jennifer e Aaron.
"Notícias do Anthony?" Perguntou Carl.
Aiden suspirou.
"O cara que pegamos está convencido de que estávamos torturando ele. Não quer contar."
"Isso é mau. Acha que estão tratando ele bem?"
Aiden ofereceu o pacote para Carl, que o aceitou.
"Não sei, Carl. Não sei."

Tinha algo errado ali.
Gabe esperava ver o pessoal se preparando para sair, com os carros carregados de suprimentos. Mas não era bem isso que tinha acontecido.
O Hummer, pilotado por ele, continha mais três Salvadores. Frank estava no banco de trás, os óculos escuros contrastando com a careca clara. Ao lado de Gabe, Dwight, um barbudo, recarregava sua UZI. E ao lado de Frank, Vic, a atiradora, estava séria, como sempre.
Tinha intimidade com Frank e Vic. Conhecia-os desde os primeiros dias. Mas Dwight? Ele era estranho. Parecia ser próximo do Campeão, mas não do jeito que se gostaria. Na verdade, Dwight era um fodido; Frequentemente aparecia cheio de hematomas.
O Campeão precisava de um saco de pancadas, para extravasar o estresse de liderar o maior grupo da região.
Gabe sentiu um nó no estômago quando o veículo militar abriu caminho entre a horda que "protegia" Louisville, atropelando alguns e afastando outros. Os Walkers logo desistiram de seguir o veículo.
Ao se aproximar do beco, perceberam que a barricada tinha sido derrubada. Uma fila cambaleante de errantes tinha se formado na entrada.
Gabe e Dwight desceram. Com um pé de cabra, Gabe eliminou alguns Walkers particularmente curiosos enquanto Dwight levantava a barricada de novo.
Frank e Vic desceram. Ela subiu no teto do Hummer, aprontou o rifle de caça e alisou a mira com a precisão de uma sniper. Frank foi abrindo caminho pelo beco.
Gabe percebeu que algo estava muito errado quando pisou em algo que parecia um osso. Olhou pra frente. Corpos mortos de Salvadores estavam servindo como banquete para um grupo particularmente grande de Walkers.
"Tirem esses sacos de merda da frente!" Ordenou Dwight.
Vic deu um tiro. A bala ultrapassou três Walkers enfileirados. A horda nas ruas começava a se agitar, e ela percebeu.
A pele morena de Vic se camuflava perfeitamente no Hummer escuro, mas ela sabia que seu cheiro era suficiente para que os monstros a vissem como uma presa. Ela prendeu o cabelo preto num rabo-de-cavalo; Já tinha sido agarrada pelos cabelos por Walkers antes. Aprontou o boné para proteger-se do sol e deu outro tiro.
Gabe quebrou um Walker ao meio com um golpe bem dado com o pé de cabra. Dwight, armado de um facão, decapitava errantes em seu caminho. As cabeças, ainda famintas, caíam no chão mordendo e grunhindo.
Mas o beco estava limpo. Vic notou que a horda estava cada vez mais perto.
"Temos pouco tempo, rapazes."
"Vai ter que dar." Disse Dwight, examinando os corpos. "Esses caras só foram comidos agora. O Dwayne tomou um tiro no pescoço."
Gabe estava impressionado com a capacidade de Dwight para reconhecer um corpo aberto a dentadas.
"Louisville?"
"Duvido muito." Intrometeu-se Frank. "Esses panacas nem têm armas. Nós tiramos elas mês passado."
"Então houve uma emboscada."
"Achei o Brandon e o Johnson." Disse Dwight. "E acho que aquela é a Lydia."
"Algum sinal do Carter?"
"Achei o braço dele. Tatuado."
"Porra, cara." Disse Gabe. "Isso é nojento. Onde está o Nick?"
"Ou não sobrou nada, ou ele não morreu."
Gabe suspirou.
"Frank, sobe lá e cobra o imposto. Depois, direto pro acampamento. Vamos dar as notícias pro Anthony."
"E eu avisarei o Campeão," Disse Dwight, com um suspiro. "Como sempre."

quarta-feira, 25 de março de 2020

Disease Among Us S7 #4

Season 7, Episode 4: Um dia você se arrependerá

Jock acordou de súbito. Percebeu que ainda estava na van, dormindo sobre o volante.
Estava escuro lá fora. Deus, ele tinha que ir procurar...
A porta do passageiro se abriu. Marcus sentou-se ali dentro, carregando uma mochila cheia de suprimentos.
"Desculpe a demora. Tive que esperar uma horda passar." Explicou-se Marcus.
"Tudo bem. Conseguiu tudo?" Jock girou a chave enquanto Marcus fechava a porta. Os faróis iluminaram a floresta escura enquanto ele dava ré.
"Sim, tudo aqui. Acho que vai animar o pessoal."
Marcus lembrou-se de tudo que os fuzileiros tinham ensinado; Mantenha as latas embaixo dos sacos para evitar fazer barulho, esconda uma no bolso para fazer uma boquinha a qualquer hora...
Jock, por outro lado, achava difícil que as latas de alimentos animassem o espírito depressivo do grupo, mas talvez os residentes de Wiltshire Estates apreciassem a boa vontade deles.
Ficar do lado bom das pessoas tinha se tornado uma prioridade.
Ele não sabia direito no que erraram das outras vezes. Talvez fossem simplesmente muito azarados. Ou violentos. Ou talvez fosse apenas destino que todas as comunidades que encontrassem tinham que se mostrar hostis.

Recentemente, o movimento todo e o boato sobre os Salvadores tinha colocado os moradores mais antigos de Wiltshire em alerta. Martinez estava morto, assim como Alexia. O líder provisório era Pete Davies.
Pete andava tentando cimentar sua posição na comunidade há algum tempo, e aquele grupo era a melhor coisa que tinha acontecido com ele desde que Wiltshire Estates quebraram a aliança com Robert Fulldoom há três meses. Embora todos soubessem que Fulldoom tinha ficado louco, ele tinha um jeito eficiente de fazer as coisas.
Isso incomodava Pete. Gostava de seguir as próprias regras.
Ele pensou nisso, apoiando a mão no queixo enquanto olhava pela janela. Seu filho Aaron estava lá fora com aquele garoto, Carl, ele achava, que tinha chegado do grupo da prisão. Normalmente implicaria com Aaron; Ele deveria estar lá dentro, estudando. Mas agora ele pensava em seu filho como uma importante estratégia para saber o que se passava naquele círculo de sobreviventes estranhos. Não tinha conseguido se aproximar de ninguém; Mellanie, Jock e Aiden eram fechados, Anthony nunca estava por perto e ele tinha um profundo medo de Dexter. Alaska, ele simplesmente ignorava. Ela era demasiado pura.
Shane era um caso á parte. Nunca pensou que ele tivesse algo a acrescentar ao grupo.
Pelo menos, eles tinham trazido um novo sobrevivente - Dan Luna. Em compensação, tinham perdido o Dr. Hercílio e Edwin, o repórter.
Ele estava curioso para saber mais sobre os Salvadores. Talvez até fazer alguns acordos...

Há quantos dias estava ali? Pareciam anos. Sem comida, bebendo as gotas geladas que pingavam do teto congelado, suspenso no gancho.
Nicolas Clark tentou, sem sucesso, balançar-se. Jogar o gancho contra a parede, talvez cortar as amarras. Não conseguiu.
A porta do freezer se abriu, deixando entrar um calor mínimo, mas muito bem vindo. Dexter aproximou-se dele.
Ele nem fez uma pergunta. Apenas deu dois murros no estômago exposto do ex-presidiário.
"Onde está Anthony?"
Sem resposta. Mais dois socos. Aquele homem tinha sido líder da porra de uma força tarefa, seus socos tinham a força de britadeiras.
"Onde está Anthony, porra?"
"Nunca vão botar as mãos nele de novo."
"Você ainda sabe falar. Bom." Disse Dexter. O próximo soco acertou o queixo de Nicolas, fazendo um fio de sangue descer rosto abaixo. "Estou cansado de interrogar sua gangue de bichas. Quem é o Campeão?"
Nicolas cuspiu sangue no rosto de Dexter. O homem deu um soco tão forte que Clark balançou no gancho.
"Se você fizer outra gracinha, corto sua mão."
Nicolas sorriu.
"Isso é tudo que você tem?"
Dexter tinha levantado o punho de novo quando Marcus e Jock entraram no freezer. Simplesmente colocaram as latas de alimento em um canto abarrotado delas.
"Desculpe, Dex. Já estamos saindo."
"Não, fiquem." Disse ele. "Eu e meu amigo queremos brincar, mas faltam duas pessoas."
"A gente topa." Disse Marcus. A dupla se aproximou.
Dexter, Jock e Marcus desamarraram os punhos de Nicolas. Então, segurando o homem debilitado, abaixaram o gancho.
Levantado sobre o gancho, os três homens abaixaram Nicolas diretamente sobre a ponta. 
"Não, espera!"
A dor lacinante encheu Nicolas Clark. Ele gritou de pavor quando o gancho penetrou...
...o ar.
Eles tinham soltado o prisioneiro. Ele tinha caído de boca no chão. Estava salvo.
Ele estava se virando quando Dexter deu dois tiros em seus pés. Ele gritou, as ondas sonoras ecoando e fazendo o gelo na parede vibrar.
"Tudo bem se não quiser falar." Disse Jock. "Temos muito tempo."
Nicolas se virou.
"Anthony está num lugar seguro. Longe das suas torturas." Disse ele. "O Campeão sou eu."
Marcus levantou a arma.
"Sou eu, e sou Zack. O Campeão não é um, e sim todos. Eu sou o Campeão. Todos somos o Camp..."
Não chegou a terminar a frase. Mudou a voz repentinamente.
"Um dia vai se arrepender disso."

Aiden abriu os olhos e respirou profundamente.
O teto branco da enfermaria. O que tinha acontecido? Eles tinham vencido?
Tentou mexer as pernas e conseguiu. As balas tinham sido removidas há dois dias. Sentiu uma dor incrível, mas precisava continuar.
Abafando o som de seus passos com frequentes grunhidos de dor, ele fez seu caminho até a pia mais próxima. Lavou o rosto, conseguiu enxergar melhor. Não foi uma visão muito boa. Ele estava um caco.
Cambaleante, ele conseguiu vestir uma camisa suja abandonada numa cadeira. Trocou a toalha ensanguentada amarrada na cintura por uma jeans e um cinto, e foi assim que cambaleou pra fora da enfermaria.
Era noite e não havia ninguém á vista.
Ainda um pouco confuso, ele tentou lembrar o caminho até a casa. Fez o que pôde, mas caiu na grama.
Foi então que ele ouviu.
Um urro. Um grunhido. Ali dentro. Aiden olhou para o lado. Porra, era um Walker. E ele não tinha nada para se defender.
Começou a se arrastar para longe, mas eles o perceberam e o seguiram. Ele agarrou o corrimão de uma escada numa casa.
Sentiu o toque podre do monstro. Sabia que tudo acabaria ali. Mas não se entregaria sem luta.

Dan Luna segurou a forma alucinante de Aiden Pearce enquanto ele fazia de tudo para socá-lo, gritando e gritando. Ele tinha dito a Mellanie que os sedativos eram muito fortes, mas isso era demais. Ele tinha topado com Aiden, saindo como um bêbado da enfermaria e vestindo um moletom como calça e um guardanapo amarrado no pescoço.
Realmente, eles tinham que checar se o Dr. Hercílio não usava toda a cocaína em anestésicos.

terça-feira, 24 de março de 2020

Disease Among Us S7 #3

Season 7, Episode 3: Rails

Quando Dexter chegou, já eram quase nove da manhã. Jock estava rodeado de bitucas de cigarro descartadas e o prisioneiro continuava com a mesma cara de raiva.
"Vai me torturar?" Perguntou Nicolas. Dexter agarrou a maca enquanto Jock abria o depósito.
"Não." Disse Dexter. "Vou fazer você implorar pra eu te torturar."
Conforme a porta se abria, Nicolas sentiu uma onda de ar gelado. Era um freezer? Porra, um grande freezer de açougueiro. Ele tremeu. Tinham arrancado sua camisa na noite anterior e ele tinha recebido um shorts fino.
"OK... Não vamos agir precipitadamente."
Dexter não respondeu.
"Cansei da sua laia, porra. Primeiro me sequestram, depois acabam com Dreamland, atacam um grupo nosso e depois botam um dos nossos no hospital."
O cigarro de Jock começou a esfriar. Ele atirou o objeto na parede, raspando gelo pra baixo.
Nicolas foi colocado embaixo de um gancho de carne, e ele observou aquela ponta afiada com medo. Será que seriam tão selvagens assim?
Viu Jock preparar a corrente. Então era assim que acabava. Iam enfiar um gancho de carne nas suas costas. Ele fechou os olhos conforme o levantavam na direção do gancho...
E então Dexter amarrou suas mãos na ponta afiada.
Ele deu um suspiro tremendo de alívio ao perceber que não tinham enfiado o gancho em nenhuma parte do seu corpo.
Mas o frio ainda era um problema.
"Voltamos amanhã." Disse Dexter.
"Espera, porra. O que vocês querem saber?"
"Quem é o Campeão?" Perguntaram Jock e Dexter, ao mesmo tempo.
Ele não respondeu. Jock e Dexter saíram, deixando Nicolas no frio.

Quando chegou no acampamento, Anthony ficou impressionado com as condições em que viviam os Salvadores. Esperava que fossem selvagens, mas havia energia elétrica, água encanada, plantações... Estavam construindo um pequeno império. Era uma velha parada de trens.
"Chamamos este posto avançado de Estação do Rails." Disse Gabe, o salvador gordinho que tinha dirigido até lá, enquanto Anthony observava o campo. Tivera medo e receio pelos amigos, mas agora tinha se esquecido de tudo. "Falando nisso, lá vem ele."
Um homem idoso e corcunda, usando um macacão sujo de graxa, examinou Anthony com cuidado. Virou-se para Gabe.
"De onde ele é?"
"É irmão do Clark."
Os olhos de Rails se iluminaram.
"Ah, Anthony?" Disse ele. "Nicolas é um ótimo líder, eu garanto que vai gostar daqui..."
"Nicolas é o líder dos Salvadores?"
"Oh, não, não. Ele cuida do posto. Mas o Campeão confia plenamente nele."
Clark hesitou.
"Quem é o Campeão?"
"Ele não está aqui ainda, mas espere até Nicolas voltar. Ele vai ficar louco para apresentá-lo a você."
Anthony assentiu. Gabe pediu licença e entrou de novo no Hummer; Ia voltar e ver se tudo estava bem com o resto dos coletores.
"Já que está aqui, que tal uma volta?" Ofereceu Rails. Anthony percebeu que ele se apoiava em uma bengala velha e com a ponta quebrada.
"Claro."

Rails nunca tivera filhos, nunca tinha pensado nisso em sessenta e dois anos. Não que não gostasse de crianças. Ele achava que elas davam cor ao mundo. Tinha uma sobrinha que amava. Mas...
Ele não se achava capaz de ser um pai. Não do jeito que era.
Trabalhador de linha ferroviária, naquele tempo ainda era chamado de Gerald. Recusou-se a se aposentar aos 60. Quando os Walkers começaram a se levantar, ele protegeu algumas pessoas na estação. Pilotou os trens para evacuá-los até ter que abandonar o lugar, vestindo apenas a velha roupa de maquinista.
Nos meses seguintes, ele viajou pelo estado, sobrevivendo como podia e auxiliando comunidades com suas habilidades mecânicas e conhecimentos geográficos. A roupa característica e a experiência como condutor lhe concederam o apelido de Railworker (Trabalhador de linha férrea), que ele eventualmente encurtou para Rails.
Quando as bandeiras de Woodbury começaram a surgir nas cidades muradas, ele se exilou das comunidades para não ser obrigado a aderir ao trabalho árduo forçado aos fazendeiros. Tinha passado pelo território de Robert Fulldoom e consertado alguns barracões para uma comunidade sob seu comando, mas agora Fulldoom estava morto e todo o seu império estava desmontado.
Tinha sido encontrado pelos Salvadores se escondendo de uma horda. Eles tentaram roubá-lo, mas Rails matou um dos homens e foi prontamente levado para julgamento.
O Campeão tomou piedade daquele velho frágil e com habilidades valiosas e permitiu que vivesse na velha estação onde sua sobrevivência começara. Conheceu Nicolas algumas semanas mais tarde e logo aprendeu a respeitá-lo.
Rails não concordava com a maioria das doutrinas dos Salvadores, mas ele tinha um lema. "Nada pode parar a ferrovia", repetia ele. Não era tanto pela ferrovia, mas pelo rumo rápido e inconsistente que as coisas vinham tomando.
E agora, aquele garoto... Ele sabia que ele estava destinado a grandes coisas. Só não sabia se seriam coisas boas.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Disease Among Us S7 #2

Season 7, Episode 2: Venha comigo

Nicolas abriu os olhos. Fechou-os quase imediatamente, cegado pela luz forte.
Quando enfim conseguiu levantar a cabeça, percebeu que não estava mais no caminhão. Estava preso numa maca em algum tipo de cozinha. Pelo menos pensou que era isso quando viu alguns vegetais recém lavados sobre um balcão de mármore.
Ele deve ter feito algum barulho ao se mexer, porque a porta de madeira escura se abriu.
Um homem de casaco azul aproximou-se dele.
"Onde eu estou?" Perguntou Nicolas. O homem não respondeu, só agarrou um dos lados da maca e começou a empurrar para fora.
O Sol cegou Nicolas. Era uma comunidade. Porra, eles tinham pegado ele. Ele virou a cabeça. Olhou para todos os lados. Pessoas estavam se juntando, curiosas.

Jock parou de empurrar o prisioneiro ao chegar perto da casa ocupada por Shane. Olhou para a varanda.
Shane continuava sentado ali, a Mossberg apoiada na mão. Não conseguiu perceber se estava acordado ou dormindo. Ele não tinha se mexido desde a noite anterior. Estava profundamente abalado... E Jock entendia. Tinha perdido um grande amigo... Seu protegido.
Continuou a empurrar a maca. Aquelas pessoas... Jock queria ter estado lá. Aiden insistiu que Jock deveria ficar; Ele era extremamente importante para a defesa da comunidade, e a parte que mais abalara Jock foi quando Aiden disse que se ele não voltasse, Jock teria que assumir a responsabilidade por Alaska, Carl e Anthony.
Não que Jock não tivesse capacidade pra isso. Só não queria perder mais gente.
Phinn... O que Phinn teria feito? Ele refletiu sobre isso enquanto entrava na via expressa mais próxima da sua casa. Passou por alguns caminhões de suprimentos antes de finalmente parar no depósito.
Nicolas ficou calado durante todo o percurso, embora o Sol o castigasse. Jock apoiou-se numa parede do depósito, pegou seu isqueiro e acendeu um cigarro.
Nicolas observou-o por alguns segundos.
"Estou com sede." Disse ele.
Jock exalou a fumaça, o rosto forte do georgiano se contraindo para expeli-la.
"E daí?" Perguntou Maxuel, puxando a manga pra cima para olhar o relógio. Dexter estava atrasado. Estaria dormindo?

Dexter Juencos não estava dormindo.
Acampado diante da enfermaria, ele observava o vai e vem dos poucos cidadãos com algum conhecimento médico. Porque estava preocupado?
Ele pensou em Aiden. Em Chicago... Antes de ir para o exército... Ele tinha agido como líder da força-tarefa mais recente da cidade.
Aiden tinha sido uma dor de cabeça para ele. Um hacktivista violento sem um padrão, fazendo justiça do jeito dele, escapando das mãos da justiça...
E agora ele era seu único vínculo com o passado.
Talvez o respeitasse... Ele tinha ajudado Dexter a se vingar de Fulldoom mesmo sabendo de tudo que tinham passado. Não tinha ilusões; O homem confiava nele como uma ovelha confia num lobo. Mas que ele estava fazendo as coisas certas, estava.
Por enquanto.
Dexter observou Mellanie sair da enfermaria. Ela notou o homem sentado no banco de madeira na frente do prédio.
"Fazendo vigília?"
"Não enche." Disse Dexter. "Você sabe que ele não é meu amigo."
"Tanto faz, porra." Disse a ruiva. "Sabe porque está preocupado? Porque é um membro do grupo, Dex."
"Isso não tem nada a ver com..."
"Não vamos ser idiotas... Metade do estado nos odeia e a outra metade quer nos matar sem nos conhecer. Esse lugar é o mais próximo de seguro em um tempão." Disse ela, sentando-se ao lado dele. "E Aiden... Bem, ele está com a gente desde o início."
"VOCÊ se importa com ele." Disse Dexter.
Silêncio. A enfermeira suspirou.
"Sim, eu me importo com ele."
"Porque?"
"Porque o amo."
Dexter observou-a por dois segundos antes de gargalhar. Ela se sentiu ofendida. As bochechas ficaram vermelhas.
"O que eu disse?"
"Você falou em amor." Disse Dexter, e então ficou sério. "Não existe mais amor desde que o primeiro Walker apareceu."

Carl estava jogando com Aaron quando recebeu as três piores notícias do dia; Um, Aiden tinha sido ferido seriamente. Dois, Anthony tinha sido sequestrado pelos Salvadores. Três, Shane chegou em silêncio e literalmente não disse nada em um dia inteiro.
Não se despediu de Aaron. Sentiu o coração bater mais rápido, os olhos lacrimejarem.
"Não não não não não"
Ele invadiu a enfermaria. Correu pelas macas até encontrar a de Aiden.
Aiden estava ali, sem camisa, um profundo buraco de bala tapado por uma bandagem grande. Isso sem contar os outros ferimentos; As balas nas pernas tinham tingido a coberta branquinha em um vermelho nauseante.
Ele tirou o chapéu. Olhou para Aiden... Estava sozinho.
O homem que o tinha protegido, o homem que ele protegera, o homem em que confiara depois de quase dois anos sem ver o pai, o homem que...
Carl sentiu a raiva invadir seu mundo. As lágrimas rolaram pelo seu rosto, mas ele as limpou. O garoto de 14 anos se sentiu um veterano de guerra.
"Você é um idiota," Disse para o homem desmaiado, com um corte na altura do nariz criado pelo impacto contra o chão do beco. "Você é tão burro e egoísta que você só pensou em pegar o maldito prisioneiro."
Carl deu um soco no peito de Aiden. Ele nem se mexeu. Continuava em um coma.
"Como você pôde, porra? Tinha que ter outro jeito. Você sabia que tinha gente aqui que dependia de você. Alaska, porra... Ela precisava de você. Eu precisava de você, caralho. E daí você bota na cabeça que é um boneco de papel e pula na frente de umas balas?"
"É isso que você quer que eu seja, porra? Um escudo humano? Vou pular na frente dos Walkers pra eles não comerem meus amigos? Você não dá valor pra porra nenhuma, nada, nada, nada... Você destrói tudo que..."
Carl sentiu uma mão no ombro. Era Dan.
"Sei como se sente. Venha comigo."

Dan e Carl caminharam em volta da enfermaria, sob a sombra das árvores. O som dos Walkers caminhando ao redor da muralha mal foi ouvido pelos dois.
Dan sentou-se embaixo de uma árvore. Notou uma fruta particularmente madura e posicionou a mão abaixo dela.
Carl observou com desinteresse quando ela caiu diretamente na mão do negro. Ele abriu a laranja, chupando um dos pedaços e oferecendo o outro a Carl. Ele recusou.
Dan assentiu e atirou o pedaço num grupo de pássaros. Embora as aves se assustassem, um ou dois se aproximaram, começando a bicar a laranja.
"O que você acabou de ver..." Disse Dan. "É um exemplo prático do que está passando. Você agarra uma das metades da vida, e joga fora a outra. Chegam outras pessoas e pegam essa oportunidade."
Carl estava prestes a falar, mas Dan pediu silêncio com a mão. Ele continuou.
"Dreamland não era perfeita. Longe disso. Mas era segura, sabe? Na época, pensei em me juntar á Milícia do Governador, mas não me aceitaram. Então, tentei convencer minha mãe de que deveria me juntar aos guardas da cidade. Ela recusou. Disse que não queria que eu andasse com gente armada. Fui assim mesmo."
Ele mordiscou a laranja, sorvendo o suco doce com um murmúrio de aprovação.
"Me arrependo disso até hoje. No primeiro dia, me espancaram para me fazer virar homem. No segundo, me forçaram a arrancar os braços de um Walker. Não queira saber como ficou pior até eu sair... Mas eu sabia porque estavam fazendo isso. Porque eles sabiam que era necessário. Duvido que gostassem."
"Onde quer chegar?"
"É a mesma coisa. Talvez Aiden não quisesse fazer aquilo. Talvez não fosse suicida. Apenas se desesperou. Ele é um ser humano como todo mundo. Se fez isso pra capturar o cara, ou pra proteger o grupo, é irrelevante. Agora, em relação á parte das metades..."
Ele olhou para a quadra. Aaron continuava ali, mas havia outra pessoa com ele.
Carl achava que seu nome era Jennifer. Ela era filha do líder local... Bonita. Engraçada.
Dan sorriu.
"Não jogue fora a sua." Dan disse. Outra laranja caiu em sua mão. Ele a ofereceu a Carl.
Carl pegou a fruta e mordeu-a. Quando voltou a abrir os olhos, Dan já não estava mais lá.

Disease Among Us S7 #1

Season 7, Episode 1: Reincidência

Carl não tinha apoiado a decisão de Anthony, embora soubesse que, no fundo, ele também queria ter acompanhado o grupo.
Agora, sozinho, ele estava sentado na frente da casa, olhando para o portão. E se não encontrassem nada, droga? E se acabassem caindo numa emboscada, se nunca mais voltassem?
"Oi."
Carl virou-se para a voz. Era um garoto, mais ou menos da idade dele. Carl já devia tê-lo visto umas duas vezes.
"Oi." Respondeu o rapaz, examinando o recém-chegado. O garoto era sardento, de altura mediana, e estava vestido com camisa polo, jeans e mochila. Ele sentou-se ao lado de Carl.
Grimes afastou-se discretamente, mas o estranho devia estar louco pra conversar.
"Então... Você mora aqui há muito tempo?" Disse ele.
"Cheguei há três semanas."
"Ah, por isso eu não vi você. É parte daquele grupo que veio do sudeste, né?"
"Isso mesmo." Carl pensou em como tinham impactado a vida na comunidade. Descobrindo a verdade sobre Alexia, acabando com Garreth, crescendo ali...
"Sou Aaron Davies." Disse o rapaz, oferecendo a mão. Carl apertou-a.
"Carl Grimes." Apresentou-se ele.
Algo sobre o garoto deixou Carl um pouco perturbado. Mas ele decidiu deixar pra lá. Tinha cometido erros assim antes, suspeitando de pessoas erradas.
Houve um silêncio por alguns segundos. Aaron falou de novo.
"Quer fazer alguma coisa?"
"OK." Disse Carl, seco.
Aaron levantou-se, e Carl o seguiu. Passaram pelas ruas, até chegarem a uma parte de Wiltshire que Carl ainda não tinha visitado.
"Os caras que normalmente jogam aqui não vieram hoje, então estou sozinho." Explicou Aaron, apontando para a quadra de basquete. Carl sentiu seu coração apertar. Meu Deus, era uma bola de basquete, uma quadra de basquete de verdade.
Ele passara tanto tempo se moldando, transformando-se no homem duro que o mundo exigia desde seus 12 anos...
E Carl Grimes olhou para a quadra. Ele foi até a bola, pegou-a. Não tinha perdido a prática.
Enquanto ele e Aaron faziam cestas, Carl percebeu que talvez não fosse tão ruim ser criança.

O grupo tinha conseguido alcançar cobertura antes dos Salvadores. As balas batiam nas paredes, na lixeira, nas barricadas de Marcus.
Dexter agarrou o rifle, levantou-se o mínimo possível de sua cobertura - Estava protegido por um pequeno forte de detritos - e apoiou o cano em uma brecha. Deu um tiro, e ouviu um grito.
"Na mosca." Disse Aiden, que trocara de cobertura, correndo para o lado de Dexter entre as balas.
"Não preciso dos seus elogios." Dexter puxou o ferrolho e atirou. Errou, mas acertou o seguinte.
Aiden levantou-se atrás de Dexter, atirando com a 1911. Achou que tinha acertado um ou dois Salvadores antes de uma rajada de balas forçá-lo a se deitar. Do outro lado do beco, atrás da lixeira, Marcus atirava rajadas curtas com sua MP5, forçando os atiradores inimigos a buscarem proteção.
"Ainda não esqueci todas as dores de cabeça que você me causou." Disse Dexter, deslizando outro pente para dentro do rifle.
"Isso foi no mundo antigo, Dex." Respondeu Aiden. "As coisas eram diferentes."
Dexter não respondeu. Levantou um pouco mais os olhos. Uma bala passou em sua orelha, de raspão, e ele sentou-se atrás da barricada, recuperando-se do zumbido infernal que ela fizera.
Aiden agarrou o rifle, ainda apoiado, e puxou o ferrolho. Deu um tiro, mas não acertou nada.
"Eles têm mais gente do que nós temos balas..." Comentou Pearce, recarregando a 1911. Checou um bolso do casaco; Só tinha mais cinco pentes com 12 cada um.
Alguns Salvadores maiores começaram a avançar, mas Shane surgiu de trás de uma pilha de lixo e destruiu suas cabeças com disparos da poderosa Mossberg. Virou-se para Marcus enquanto desviava dos tiros.
"Preciso de mais munição!" Gritou Shane. Marcus agarrou o cinto, tirou uma caixa de balas para shotgun e deslizou-as na direção do policial. Shane recarregou rápido e foi dando tiros enquanto se afastava dos Salvadores.

Nicolas estava surpreso. Eles realmente tinham coragem. Mas não ia deixar barato para quem ia sequestrar seu irmão.
Levantou-se da cobertura e esvaziou outro pente da AK-47 contra Marcus. A lixeira, ele sabia, protegia o homem muito bem, mas pelo menos assim ele forçava Marcus e sua MP5 infernal a ficarem parados.
Fez mira em Shane, mas mudou seu alvo quando o homem que estava ao seu lado foi atingido na testa por uma bala de rifle e imediatamente morreu. Deu vários disparos na barricada de Dexter e Aiden, destroçando os sacos de cimento da base, mas não fazendo muito para danificar o concreto.
Dexter abaixou-se durante a rajada, e Aiden deu mais alguns tiros. Ele nem tinha muita certeza de que estava acertando; Os Salvadores não deviam ser mais de dez, mas tinham tantas balas que pareciam infinitos.
Pensou seriamente em evacuar todos para o fim do beco. Subir para Louisville, refugiar-se. Mas ele sabia que o seu alvo fugiria. Ele tinha que descobrir quem era o Campeão.
Olhou para Marcus, que tentava achar uma brecha nos disparos. 
"Recarregue!" Ordenou Aiden. Marcus obedeceu, e então Aiden se levantou.
Correu até o meio da linha de fogo. Pulou na direção da lixeira.
Ele sentiu três pontadas; Duas nas pernas e uma no peito. Caiu atrás da lixeira, mas já tinha conseguido o que queria.
Dexter abateu dois Salvadores distraídos e Marcus aproveitou a quebra no cerco para dizimar os três que ainda estavam em pé.
Restava Nicolas, que não parecia pronto para se render. Como pegá-lo sem...
De repente, uma lata acertou o rosto de Nicolas, vindo do alto. Mellanie tinha atirado lixo nele. Ele estava muito bravo agora.
Levantou a arma para atirar na ruiva, mas ela foi mais rápida; Puxou do coldre uma 9mm e deu dois tiros em Nicolas. Ele caiu para trás, os tiros no braço fazendo-o soltar a AK. Shane não perdeu tempo; Correu até Nicolas e caiu sobre ele, dando socos com o braço ferido. Marcus largou a MP5 e correu para controlá-lo.
Dexter fez um sinal de aprovação para a enfermeira enquanto ela deslizava cano abaixo. Ele foi até Nicolas, ajudou os dois a amarrá-lo e estancar seu sangramento, e então...
"Meu Deus, não..." Disse Mellanie.
Os três homens se viraram para trás.
Aiden estava atrás da lixeira, imóvel. Mellanie, debruçada sobre ele, estava removendo o casaco do homem, percebendo os buracos das três balas no peito e nas pernas...
"Não, meu Deus, ele não pode ter sido tão idiota, pelo amor de Deus não..."
Marcus olhou para o fim do beco.
A cadeira estava caída e com os braços quebrados.
Zack tinha escapado.

Disease Among Us: Introdução á Sétima Temporada

A velha história.
Na primeira noite eles se aproximam,
e roubam uma flor
do nosso jardim. E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
 
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

domingo, 22 de março de 2020

Disease Among Us Season #6 Finale

Season 6 Finale: Os lugares onde devemos morrer

Um ano e meio atrás.

"Eu te ensinei melhor que isso."
Vincent "Vinnie" Clark estava sentado na mesa de jantar da família. Um silêncio hostil pairava sobre todos. Anthony, o caçula da família, parou de comer, mas a mãe o incentivou a continuar.
Do outro lado da mesa, de pé, vestindo um casaco velho, Nicolas Clark estudava o pai com afinco. E Vinnie retribuía o seu olhar.
"Não tem outro jeito. Nunca vamos pagar nada se eu for trabalhar nas docas."
"Você é um Clark, rapaz. Os Clark sempre trabalharam, independente das circunstâncias. Eu não vou deixar que entre qualquer dinheiro sujo nesta casa." Repreendeu Vinnie.
"Pai, eles são gente de confiança." Defendeu-se Nicolas. "E é só um trabalho. Só uma vez. A gente vai, faz, e pronto. Podemos pagar o tratamento da vovó e..."
Á menção da mãe, Vinnie afundou o rosto nas mãos e deu um suspiro.
"Quantas vezes terei de lhe dizer... Sua avó vai superar isso. Ela é uma mulher forte. É minha mãe." Disse ele. "Não arrisque tudo por causa dela. Ela não ia querer isso."
"Então que seja por causa da mamãe. Por sua causa. Por causa do Anthony."
"Deixe seu irmão fora disso!" Vinnie deu um murro na mesa, fazendo os talheres balançarem. "Ele não tem nada a ver com a sua falta de bom senso. Se você quiser mesmo levar essa loucura de bandidão pra frente, saia desta casa e não volte nunca mais!"
Silêncio. Vinnie tinha dado seu ultimato. Viu Nicolas engolir em seco.
"Então eu vou embora."

Hoje.

"Achei que estava preso." Disse Anthony, soltando o irmão. Nicolas sorriu.
"Os mortos atacaram os guardas... Não pude ajudá-los. Fugi."
"Porque está aqui? Você mora aqui?" Perguntou ele.
"Não," Disse Nicolas. "Vim aqui pra liderar um grupo. Estamos coletando suprimentos. Mas... Encontrei algo muito melhor. Encontrei você. O pai está com você?"
Anthony não respondeu, só olhou pra baixo. Nicolas parou de sorrir; Ele esperava essa resposta, mas... Nada o tinha preparado para a ocasião em si.
"Ele esperou." Disse Anthony. "Esperou até o último minuto, se isso te faz sentir melhor."
"Mentira." Disse Nicolas. "O pai me odiava. Sempre me odiou."
"Você... Fez uma escolha difícil, só isso. Mas ele nunca deixou de te amar, cara." Anthony sorriu.
"Obrigado, mas... Esqueça. O importante é que está aqui." Nicolas agarrou o braço de Anthony, puxando o rapaz pra fora do caminhão. Dois Salvadores se aproximaram.
"Pessoal, achei meu irmão perdido."
Uma salva de palmas foi ouvida entre os homens. Parecia haver um espírito de camaradagem ali.
"Bem-vindo, Anthony." Disse um dos homens, um gordinho barbudo vestindo uma jaqueta camuflada. "O Nick falou de você... Estava se cagando de medo de ter te perdido."
Anthony não respondeu. Estava processando tudo. Aquelas pessoas... Deus do céu, NICOLAS era o homem que sabia onde estava o Campeão?
"Ei, levem o Anthony de volta, OK? Preciso fazer a operação funcionar."
Anthony não conseguiu protestar. Foi levado até uma van dos Salvadores.

"Ouvi motores."
Marcus estava terminando de erguer uma barricada de madeira e sacos de cimento. Virou-se para o grupo.
"Seria bom alguém olhar a rua."
"Eu vou." Disse Mellanie. Marcus começou a andar até o caminhão, mas a moça o parou. "Não, não tire o caminhão. Eu vou olhar de algum telhado."
"Uma boa ideia, mas como é que você vai subir?" Disse Aiden, analisando o beco. Haviam alguns canos, mas eram curtos demais; Mellanie não chegaria nem até a metade da parede. Ela olhou para ele, acompanhando os olhos do homem até que os dois pousaram a vista em uma lixeira grande e fedida no fim do beco.
Mellanie caminhou até a lixeira e, com a ajuda de Dexter, empurrou-a para o outro lado do beco. Com o impulso do grande objeto, conseguiu subir em um dos canos mais altos.
Estava escalando quando um braço podre agarrou seu sapato.
Mellanie grunhiu de raiva enquanto o grupo abaixo se mobilizava. O Walker levantou a cabeça; Ele era horroroso. Um dos olhos estava faltando, e ele devia ter sido jogado ali e abandonado, de molho no lixo, há várias semanas.
Aiden golpeou a mão do monstro com o cassetete, e o som do osso frágil se estilhaçando encheu o beco. Com o pé livre, a enfermeira tratou de escalar o mais rápido possível, sentindo calafrios na espinha e rezando para que o cano estivesse bem aparafusado.
Enquanto isso, o Walker continuava tentando sair da lixeira. Zack acompanhava as reações de cada um enquanto sutilmente tentava se soltar das amarras.
Marcus sacou sua MP5, mas percebeu que isso poderia alertar os inimigos e acabar com a emboscada. Então, antes que alguém pudesse pensar em algo, Shane acertou um soco na boca do Walker, fazendo a mandíbula pender para a esquerda e estonteando o cadáver.
Dexter e Aiden aproveitaram a deixa; A pesada tampa da lata de lixo foi mandada pra baixo pelos dois, mas o Walker conseguiu prender os braços em uma brecha. Ele ia fazer um barulhão para sair dali, mas então Marcus atirou um saco de cimento sobre a lixeira.
Todos se afastaram. Um barulho nauseante de algo se quebrando anunciou que o Walker estava preso. Seus dedos necrosados tinham sido cortados pela força da tampa, caindo no chão como maçãs maduras.
"Porra, nunca mais eu falo mal dos garis." Comentou Shane, apoiando-se na parede.

Ignorando a comoção abaixo dela, Mellanie chegou a um dos telhados. Parecia ter sido ignorado pelos moradores de Louisville, por algum motivo; As pontes e casas estavam em telhados próximos.
Ela olhou pra baixo. As ruas estavam cheias de Walkers, tirando um ponto em particular. Um grupo de homens - Deviam ser os Salvadores - Tinha colocado barricadas improvisadas e estavam fazendo um bom trabalho em criar um perímetro. Ela olhou melhor.
Havia um homem alto e musculoso, vestido com roupas de presídio, falando com alguém bem mais jovem. Parecia...
"Meu Deus do céu." Ela deixou escapar uma torrente de palavrões enquanto percebia a face de Anthony ali. Olhou para baixo.
O grupo a observava, curioso.
"Tudo bem aí?" Perguntou Aiden.
"Peguem as armas. Eles pegaram o Anthony."
"Anthony?" Repetiu Dexter. "Deixamos ele em Wiltshire."
Shane já tinha se levantado e recarregado a Mossberg. Aiden foi atrás dele.
"Shane." Disse. O policial o ignorou. "SHANE. Para."
Shane não deu ouvidos. Abriu a porta do caminhão e girou a chave.
"Que merda você tá fazendo, Shane, para com isso agora!" Disse ele. Shane começou a dar ré, abrindo o beco cada vez mais.
"SHANE, VOCÊ FICOU MALUCO, TÁ ESTRAGANDO TUDO!"
Quando o beco se abriu, livre do caminhão, Shane desceu.
"Eles pegaram o Anthony." Disse Shane. "Vou matar os desgraçados."
"Hã, pessoal." Chamou Dexter.
Os Salvadores, com Nicolas á frente, entraram no beco.
"Pegamos todos, huh." Disse ele. "Vocês que pegaram o Zack, então."
"Sim." Disse Shane, destravando a Mossberg. "Cadê o Anthony?"
"Anthony não é mais seu prisioneiro." Disse Nicolas. "Ele está seguro agora."
"Prisioneiro? Ele é nosso amigo."
"Conversa!" Disse Nicolas. "Eu conheço o seu tipo. Temos duas escolhas aqui. Vocês podem se render... Ou podem fazer o que vieram fazer e morrer tentando."
Aiden agarrou a 1911.
"O plano era só capturar você." Disse ele. "Mas não me importo de liquidar seus cupinchas."
Nicolas sorriu.
"Matem todos eles."

sábado, 21 de março de 2020

Disease Among Us S6 #9

Season 6, Episode 9: Louisville

"Como assim a gente não pode ir?" Perguntou Carl.
Mellanie suspirou e virou-se para o garoto, apoiando-se na porta do caminhão.
"Vai ser perigoso. Não podemos levar vocês. Vocês dois sabem disso." Explicou ela, de novo. "Além disso, vocês têm coisas pra fazer aqui."
"É, tipo ficar andando pelo pátio igual um banana." Comentou Anthony baixinho. "A gente pode ajudar. Você sabe disso."
"Não é minha decisão." Ela mordeu os lábios. Tinha sido decisão dela, sim; Dexter tinha dito que os garotos seriam um bom suporte, e Shane estava ficando cada vez mais distante do grupo.
Só confiava em Anthony. Insistiu que ele fosse junto a todo custo.
Mas ela conseguiu convencê-los de que eram só crianças, de que iam atrapalhar, que iam se arriscar por nada.
O prisioneiro deles - Ele disse se chamar Zack - estava instalado na caçamba, onde o grupo tinha amarrado uma poltrona da melhor forma que podiam. Ali ele estava amarrado, os pulsos doendo e a mente ainda perturbada pela tortura dos dias anteriores. Se arrependia de ter atirado.
Os garotos eventualmente desistiram de tentar entrar no caminhão. Foram se afastando, desgostosos. Mellanie deu um suspiro de alívio. Não podia perder os dois. Não agora.
Virou-se para trás. Aiden estava checando as amarras de Zack.
"O que acha que vamos encontrar lá?" Perguntou ela.
"Preciso descobrir quem é o Campeão. O tal chefão deve saber." Respondeu Aiden, sem levantar os olhos.
Desde Dreamland, ele estava mais distante. Eles estavam construindo algo bonito antes disso... Ela tinha sentido um certo amor por trás da casaca grossa e da pose de durão. Talvez tenha até sentido que ele estava com medo. Mas agora ele se afastara. Ficava acordado até muito tarde, parou de visitá-la, comia pouco e falava menos ainda. Era diferente do homem que os tinha liderado até ali.
"Qual é o seu problema, hein?"
Aiden não respondeu. Mellanie desceu da traseira e foi até o banco do passageiro.
Marcus virou-se, com as mãos no volante. Aquele caminhão fora mesmo um achado; Um grande veículo para construção, com um espaço gigantesco na caçamba para levar, na teoria, areia. Bastaram alguns reparos e estava como novo.
"Prenda o cinto." Pediu ele. Mellanie lançou-lhe um olhar de desdém.
"Sim, mamãe." Disse ela. Marcus deu um riso leve e apertou a buzina de leve.
"VAMOS OU NÃO VAMOS?!" Gritou ele, dando um tapa na porta do caminhão. Shane subiu na traseira, seguido por Dexter. E o grupo estava pronto.
Os sobreviventes de Wiltshire Estates abriram os portões do condomínio, e o caminhão passou por ele.
Carl e Alaska observaram o grande veículo se afastar. Alaska, preocupada. Somente Carl não conseguia sentir nada.
Ele tinha a impressão de que aquilo era o começo de algo horrível.

Zack tentou se mover na cadeira. Dan pisou no seu pé, forçando-o a se sentar novamente.
"Fica parado, porra." Disse ele. Zack lutou contra a mordaça, mas não conseguiu responder.
A viagem já durava uma hora e meia e o prisioneiro estava inquieto. Ele parecia com mais medo do que quando foi capturado.
Será que Louisville era pior?
Anthony não tinha certeza. E não podia perguntar a ninguém, escondido como estava sob as caixas de munição.

Marcus virou o caminhão para dentro da cidade.
"Porra, é pior do que eu pensei." Disse ele.
Louisville estava longe de ser uma comunidade. As ruas estavam lotadas de Walkers, devorando qualquer coisa que caísse. E o caminhão era um alvo gigantesco. Os monstros podres começaram a rodear o veículo, tentando acompanhar seu ritmo. Com o coração batendo rápido, Marcus dirigiu com cuidado, sabendo que qualquer erro poderia custar tudo.
"Você mentiu, seu merda." Disse Shane, que observava os zumbis abaixo do caminhão, a Mossberg apoiada no colo. Estava ali para intimidar; Com seu braço ferido, duvidava ser capaz de atirar bem. "Não tem nada na rua."
Zack se moveu na cadeira. Aiden arrancou a mordaça da boca dele, tirando também vários fios de barba.
"L-Louisville não é na rua." Disse ele. "É em cima."
O grupo todo virou os olhos para o céu.
Grandes pontes ligavam o topo dos prédios, feitas de metal e madeira velha, formando uma nova cidade em cima deles. Aiden percebeu um ou dois cidadãos se escondendo, observando-os.
"Fantástico..." Disse Dexter, admirado. "Eles têm uma horda inteira embaixo deles. Deve ajudar a repelir bandidos."
"Deus do céu, que panacas." Comentou Mellanie. "Um parafuso solto e todos morrem."
Marcus parou o caminhão na horizontal, para fechar um beco, e desceu. Os outros membros do grupo desceram pela caçamba, trazendo Zack, com as mãos amarradas, sob a ameaça da espada de Dan.
O beco parecia ser a entrada e saída da cidade; Conforme eles avançavam, encontraram barricadas abandonadas, cápsulas de munição usadas, garrafas de energético descartadas. Alguns corpos. Um deles se levantou, mas Aiden matou o Walker com a 1911 silenciada.
"Esta é a entrada?" Perguntou Dexter.
"Sim. É a única subida." Confessou Zack, e o grupo parou. Os cidadãos de Louisville deviam estar se escondendo. Só podia. Não eram grandes lutadores. "Vão mandar os cobradores por aqui."
"Então nós vamos recebê-los." Disse Aiden. "Marcus, pode montar uma barricada?"
"Posso tentar," Disse o homem. "Tem muito material por aqui."
E foi até as pilhas de material descartado.

Jock reclinou-se na cadeira. Tom, um dos guardas de Wiltshire, aproximou-se dele.
"Ei, Jock, onde estão todos?"
"Não me avisaram." Respondeu Jock, distante. As imagens do incêndio continuavam ocupando sua mente.
Phinn... Era a mesma coisa que acontecera com Phinn. Se Jock estivesse lá... Poderia ter salvado aquelas pessoas. Poderia ter... Salvado alguém.
Ele olhou para baixo. Dois Walkers batiam no portão de Wiltshire.
"Não me avisaram de nada..." Repetiu, para ninguém em particular.

O líder do grupo desceu do carro primeiro, enquanto dois outros Salvadores mantinham os Walkers longe.
"Que merda é essa?" Disse ele, olhando o caminhão que tapava a entrada.
"Deve ser um visitante, chefe. Mais suprimentos pra nós."
"É uma armadilha, seu asno." Disse ele. "Preparem tudo... Vou roubar esses babacas e depois vazamos."
O homem era alto. Usava uma roupa velha e suja, que refletia seu passado.... Peculiar.
O apocalipse não era a pior coisa que tinha acontecido a ele.
Ele escancarou a traseira. Uma Colt foi colocada em seu nariz.
Ele estava prestes a levantar as mãos. A pedir piedade. Porra, como fora tão estúpido? Mas então a Colt se abaixou.
Anthony Clark ficou em silêncio. Nicolas Clark ficou em silêncio.
Após o que pareceu uma eternidade, uma lágrima desceu dos olhos de Anthony.
"V-Você está vivo." Disse Nicolas. Ele abriu os braços, a roupa laranja de prisioneiro se esticou junto com ele, era uma extensão de seu corpo. Uma lembrança permanente de sua prisão.
Os irmãos Clark se abraçaram, e pela primeira vez desde a prisão, Nicolas Clark se permitiu chorar.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Disease Among Us S6 #8

Season 6, Episode 8: Preparando a investida

Dexter tinha feito o interrogatório de Aiden parecer um diálogo entre duas meninas no jardim de infância. O motoqueiro estava chorando igual um bebê, enquanto Dexter colocava os pés sobre a mesa, esperando.
"Eu te conto o que você quiser, cara! Eu já disse isso ANTES de você quebrar a porra da minha mão!" Suplicou o motoqueiro.
Dexter não se mexeu. Sabia como lidar com gente assim. Seu tempo no exército o tinha ensinado a quebrar as pessoas... Nos dois sentidos. Ele fez que não ouviu. Continuou olhando para o teto.
Esperou mais um minuto até que o prisioneiro engolisse o choro.
"Você já viu que não estamos de brincadeira." Disse ele. "Nosso grupo é tão selvagem que treinamos nossas crianças feito espartanos. Você foi pego por um adolescente treinado para matar."
Dexter quase riu da própria mentira, mas queria fazer o medo do homem ficar maior que o amor pelo grupo.
"O Campeão me mandou defender Dreamland. A comunidade. Você tava lá. Eu devia proteger o pessoal do imposto."
"Então você é MUITO burro. Nós dominamos o grupo do imposto todo e você nem atirou. Tá mentindo?"
"NÃO!" Disse o homem, pressentindo outra surra. "É só... Eu tinha outras ordens. Eu juro que é verdade. Eu devia ficar de prontidão pra matar qualquer um escapando. Não era pra fazer nada além disso. É verdade! Também não entendo o Campeão! Ele é doido!"
"Quem é ele?"
O homem se calou. Dexter deu um murro na mesa, a pele morena aparecendo brevemente sob a pequena lâmpada.
"Quem é ele, porra?"
"Não sei! Ninguém sabe!" Disse ele. Depois hesitou em falar mais. Dexter aproximou-se e deu um tapa no rosto do prisioneiro.
"Você ia falar mais alguma coisa. FALA."
"Tem um cara que sabe!"
"Quem? Onde?"
"Não sei o nome dele, porra. Ele estava com o Governador até Woodbury ir pro saco. Mas é ele que dá as ordens. E-Ele ia coordenar um grupo pra cobrar da outra colônia perto daqui. Você sabe onde é Louisville?"
"Sei." Mentiu Dexter.
"Eles vão pra lá. Pra c-c-cobrar o imposto. Todo mundo sob a proteção dos Salvadores tem que pagar."
"Salvadores? Vocês botaram fogo numa cidadezinha de nada."
"O nome é irônico, né?" Riu o homem. Dexter o puniu com um murro no nariz. Ele se calou em seguida.
"Eu não acho nada que você diz engraçado, seu verme. Não sou seu amigo. O único motivo pelo qual ainda não cortei você em pedaços é que isso faria sujeira. Responda as minhas perguntas." Disse ele, sério. "Já tenho tudo que preciso."
"E eu? Vai me matar?"
Dexter sorriu.
"Não. Você vai pra Louisville com a gente e vai ser nossa moeda de troca."

"Louisville?" Repetiu Alaska.
Dexter tinha convocado uma reunião entre os cidadãos mais influentes de Wiltshire Estates. Naquela mesa - A mesma mesa onde Alexia tinha mostrado ser uma traidora - as decisões mais variadas vinham sendo tomadas há dias.
Sentado ao lado de Dexter, Aiden colocou o boné sobre a mesa e juntou as mãos. Estava visivelmente apreensivo. Ao seu lado, Marcus - O homem alto que tinha avisado sobre o portão no dia anterior - fazia o possível para diminuir a tensão na sala, oferecendo sorrisos para quem olhasse para ele.
Não estavam retribuindo.
Alaska passou as mãos sobre o estômago. Começou a pensar. Se Lock estivesse aqui... Ela queria que ele estivesse junto com ela. O bebê ainda nem tinha nascido, mas ele estaria orgulhoso desde já. Lembrou-se de quando Milton avisou-os. De como seus olhos se iluminaram, de como as mãos fortes e calejadas do homem apertaram as suas, de como eles discutiram os nomes que dariam...
...e de como Lock tinha desejado que o bebê jamais pegasse em uma arma.
A prisão... Ainda trazia más recordações a Alaska. Mas ela foi interrompida nesses pensamentos. Dexter estava falando.
"Pelo que consegui tirar do panaca," Começou ele. "Os Salvadores são um grupo de malucos que viajam pelo estado extorquindo as comunidades menores. Mas eles estão crescendo. Eles se aproveitaram muito da confusão que deu quando os impérios do Governador e do Fulldoom foram pro saco."
"Então temos um exército de selvagens pilhando a região." Disse Shane, com certa dificuldade. O braço ainda doía. "Nós não somos o exército da salvação. Não é com a gente, deixamos quieto."
"Tenho que concordar com Shane," Disse Anthony. "Vamos perder muito por quase nada."
Aiden pediu calma. Levantou-se da cadeira.
"Sei que estamos todos muito abalados pelos eventos dos últimos dias... E agradeço por termos duas opiniões diferentes. Mas, se o que Dex descobriu for verdade, esses Salvadores logo vão crescer o bastante pra atacar a gente de frente. Não duvido que uma grande parte dos recrutas deles são ex-moradores de Woodbury, gente que nos culpa pela loucura do Governador. Wiltshire é a maior comunidade nesta região... É questão de tempo até eles virem até aqui pedir um pedaço dos nossos suprimentos. Temos que mostrar que somos fortes e que não vamos ceder pra Campeão nenhum."
"Perdemos gente importante, também." Disse Mellanie. "Perdemos o doutor, Edwin... Quem mais?"
A porta se abriu. Todos olharam para a figura de Dan Luna. Ele entrou na sala.
"Há quanto tempo estava escutando atrás da porta?" Perguntou Alaska.
"Tempo o bastante." Respondeu Dan. "Se vão pra Louisville, quero ajudar."