DISEASE AMONG US - PLAYLIST

segunda-feira, 23 de março de 2020

Disease Among Us S7 #2

Season 7, Episode 2: Venha comigo

Nicolas abriu os olhos. Fechou-os quase imediatamente, cegado pela luz forte.
Quando enfim conseguiu levantar a cabeça, percebeu que não estava mais no caminhão. Estava preso numa maca em algum tipo de cozinha. Pelo menos pensou que era isso quando viu alguns vegetais recém lavados sobre um balcão de mármore.
Ele deve ter feito algum barulho ao se mexer, porque a porta de madeira escura se abriu.
Um homem de casaco azul aproximou-se dele.
"Onde eu estou?" Perguntou Nicolas. O homem não respondeu, só agarrou um dos lados da maca e começou a empurrar para fora.
O Sol cegou Nicolas. Era uma comunidade. Porra, eles tinham pegado ele. Ele virou a cabeça. Olhou para todos os lados. Pessoas estavam se juntando, curiosas.

Jock parou de empurrar o prisioneiro ao chegar perto da casa ocupada por Shane. Olhou para a varanda.
Shane continuava sentado ali, a Mossberg apoiada na mão. Não conseguiu perceber se estava acordado ou dormindo. Ele não tinha se mexido desde a noite anterior. Estava profundamente abalado... E Jock entendia. Tinha perdido um grande amigo... Seu protegido.
Continuou a empurrar a maca. Aquelas pessoas... Jock queria ter estado lá. Aiden insistiu que Jock deveria ficar; Ele era extremamente importante para a defesa da comunidade, e a parte que mais abalara Jock foi quando Aiden disse que se ele não voltasse, Jock teria que assumir a responsabilidade por Alaska, Carl e Anthony.
Não que Jock não tivesse capacidade pra isso. Só não queria perder mais gente.
Phinn... O que Phinn teria feito? Ele refletiu sobre isso enquanto entrava na via expressa mais próxima da sua casa. Passou por alguns caminhões de suprimentos antes de finalmente parar no depósito.
Nicolas ficou calado durante todo o percurso, embora o Sol o castigasse. Jock apoiou-se numa parede do depósito, pegou seu isqueiro e acendeu um cigarro.
Nicolas observou-o por alguns segundos.
"Estou com sede." Disse ele.
Jock exalou a fumaça, o rosto forte do georgiano se contraindo para expeli-la.
"E daí?" Perguntou Maxuel, puxando a manga pra cima para olhar o relógio. Dexter estava atrasado. Estaria dormindo?

Dexter Juencos não estava dormindo.
Acampado diante da enfermaria, ele observava o vai e vem dos poucos cidadãos com algum conhecimento médico. Porque estava preocupado?
Ele pensou em Aiden. Em Chicago... Antes de ir para o exército... Ele tinha agido como líder da força-tarefa mais recente da cidade.
Aiden tinha sido uma dor de cabeça para ele. Um hacktivista violento sem um padrão, fazendo justiça do jeito dele, escapando das mãos da justiça...
E agora ele era seu único vínculo com o passado.
Talvez o respeitasse... Ele tinha ajudado Dexter a se vingar de Fulldoom mesmo sabendo de tudo que tinham passado. Não tinha ilusões; O homem confiava nele como uma ovelha confia num lobo. Mas que ele estava fazendo as coisas certas, estava.
Por enquanto.
Dexter observou Mellanie sair da enfermaria. Ela notou o homem sentado no banco de madeira na frente do prédio.
"Fazendo vigília?"
"Não enche." Disse Dexter. "Você sabe que ele não é meu amigo."
"Tanto faz, porra." Disse a ruiva. "Sabe porque está preocupado? Porque é um membro do grupo, Dex."
"Isso não tem nada a ver com..."
"Não vamos ser idiotas... Metade do estado nos odeia e a outra metade quer nos matar sem nos conhecer. Esse lugar é o mais próximo de seguro em um tempão." Disse ela, sentando-se ao lado dele. "E Aiden... Bem, ele está com a gente desde o início."
"VOCÊ se importa com ele." Disse Dexter.
Silêncio. A enfermeira suspirou.
"Sim, eu me importo com ele."
"Porque?"
"Porque o amo."
Dexter observou-a por dois segundos antes de gargalhar. Ela se sentiu ofendida. As bochechas ficaram vermelhas.
"O que eu disse?"
"Você falou em amor." Disse Dexter, e então ficou sério. "Não existe mais amor desde que o primeiro Walker apareceu."

Carl estava jogando com Aaron quando recebeu as três piores notícias do dia; Um, Aiden tinha sido ferido seriamente. Dois, Anthony tinha sido sequestrado pelos Salvadores. Três, Shane chegou em silêncio e literalmente não disse nada em um dia inteiro.
Não se despediu de Aaron. Sentiu o coração bater mais rápido, os olhos lacrimejarem.
"Não não não não não"
Ele invadiu a enfermaria. Correu pelas macas até encontrar a de Aiden.
Aiden estava ali, sem camisa, um profundo buraco de bala tapado por uma bandagem grande. Isso sem contar os outros ferimentos; As balas nas pernas tinham tingido a coberta branquinha em um vermelho nauseante.
Ele tirou o chapéu. Olhou para Aiden... Estava sozinho.
O homem que o tinha protegido, o homem que ele protegera, o homem em que confiara depois de quase dois anos sem ver o pai, o homem que...
Carl sentiu a raiva invadir seu mundo. As lágrimas rolaram pelo seu rosto, mas ele as limpou. O garoto de 14 anos se sentiu um veterano de guerra.
"Você é um idiota," Disse para o homem desmaiado, com um corte na altura do nariz criado pelo impacto contra o chão do beco. "Você é tão burro e egoísta que você só pensou em pegar o maldito prisioneiro."
Carl deu um soco no peito de Aiden. Ele nem se mexeu. Continuava em um coma.
"Como você pôde, porra? Tinha que ter outro jeito. Você sabia que tinha gente aqui que dependia de você. Alaska, porra... Ela precisava de você. Eu precisava de você, caralho. E daí você bota na cabeça que é um boneco de papel e pula na frente de umas balas?"
"É isso que você quer que eu seja, porra? Um escudo humano? Vou pular na frente dos Walkers pra eles não comerem meus amigos? Você não dá valor pra porra nenhuma, nada, nada, nada... Você destrói tudo que..."
Carl sentiu uma mão no ombro. Era Dan.
"Sei como se sente. Venha comigo."

Dan e Carl caminharam em volta da enfermaria, sob a sombra das árvores. O som dos Walkers caminhando ao redor da muralha mal foi ouvido pelos dois.
Dan sentou-se embaixo de uma árvore. Notou uma fruta particularmente madura e posicionou a mão abaixo dela.
Carl observou com desinteresse quando ela caiu diretamente na mão do negro. Ele abriu a laranja, chupando um dos pedaços e oferecendo o outro a Carl. Ele recusou.
Dan assentiu e atirou o pedaço num grupo de pássaros. Embora as aves se assustassem, um ou dois se aproximaram, começando a bicar a laranja.
"O que você acabou de ver..." Disse Dan. "É um exemplo prático do que está passando. Você agarra uma das metades da vida, e joga fora a outra. Chegam outras pessoas e pegam essa oportunidade."
Carl estava prestes a falar, mas Dan pediu silêncio com a mão. Ele continuou.
"Dreamland não era perfeita. Longe disso. Mas era segura, sabe? Na época, pensei em me juntar á Milícia do Governador, mas não me aceitaram. Então, tentei convencer minha mãe de que deveria me juntar aos guardas da cidade. Ela recusou. Disse que não queria que eu andasse com gente armada. Fui assim mesmo."
Ele mordiscou a laranja, sorvendo o suco doce com um murmúrio de aprovação.
"Me arrependo disso até hoje. No primeiro dia, me espancaram para me fazer virar homem. No segundo, me forçaram a arrancar os braços de um Walker. Não queira saber como ficou pior até eu sair... Mas eu sabia porque estavam fazendo isso. Porque eles sabiam que era necessário. Duvido que gostassem."
"Onde quer chegar?"
"É a mesma coisa. Talvez Aiden não quisesse fazer aquilo. Talvez não fosse suicida. Apenas se desesperou. Ele é um ser humano como todo mundo. Se fez isso pra capturar o cara, ou pra proteger o grupo, é irrelevante. Agora, em relação á parte das metades..."
Ele olhou para a quadra. Aaron continuava ali, mas havia outra pessoa com ele.
Carl achava que seu nome era Jennifer. Ela era filha do líder local... Bonita. Engraçada.
Dan sorriu.
"Não jogue fora a sua." Dan disse. Outra laranja caiu em sua mão. Ele a ofereceu a Carl.
Carl pegou a fruta e mordeu-a. Quando voltou a abrir os olhos, Dan já não estava mais lá.

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